Havendo consistência no discurso político não há grandes peças de jornalismo de investigação política, mas haverá um aumento de confiança entre governantes e governados.
O que acontece é que o trabalho bem feito do jornalismo equivale muitas vezes em política ao trabalho mal feito dos políticos. Vem isto a propósito de uma reportagem que o jornal da noite da TVI ontem passou sobre o hospital de Braga em geral e da sua maternidade em particular. O jornalista (cujo nome não memorizei e a cuja informação não tenho facilidade de acesso a partir deste computador) fez uma reportagem irrepreensível sobre as graves deficiências logísticas da maternidade de Braga, para onde o Ministro da Saúde quer enviar todas as parturientes de Barcelos.
Sem pôr em causa as conclusões científicas que advogam a necessidade de concentrar serviços de maternidade para aumentar a segurança do acto clínico, o jornalista referenciou os erros grosseiros por que uma grávida que tenha as suas crianças no Hospital de Braga será sujeita (como o facto de ter que percorrer um longo corredor e ser levada em elevador por dois andares onde passam todas as pessoas que circulam no hospital, tudo isto na companhia do seu recém nascido), já que o bloco de partos fica longíssimo da enfermaria. Acrescentou a informação de que só a partir de agora as parturientes vão ter um/a anestesista que lhes possa administrar a epidural. Tudo coisas que estão garantidíssimas no hospital de Barcelos que ainda no ano de 2002 fez obras de remodelação.
A propósito de obras, foi noticiada a pressa do Ministro em fazer obras no Hospital de Braga cuja empreitada não foi sujeita a concurso público. Fui eu que percebi mal ou o empreiteiro é o irmão do presidente da câmara?
As peças que nos são enviadas do Irão sobre a recepção dos iranianos ao encontro de futebol da sua selecção com Portugal são, ao mesmo tempo, perturbadoras, já que a carga discursiva e imagética que nos chega como notícias daquela região têm sido exclusivamente de cariz político e militar fortemente negativas, e reconfortantes, pois podemos ter um jornalista enquadrado com a cidade ao fundo a falar de coisas como um jogo de futebol e não de bombardeamentos ou de revoluções tirânicas.
Tudo isto tem um ar de normalidade comezinha, de tranquilidade na relação entre povos, facto que a diplomacia alemã não parece vislumbrar, tendo em conta a presença da equipa persa no seu território. Dá vontade de rir. O que é bom.
As análises de forma/fundo continuam a fazer sentido nas análises em comunicação política. É por isso que se pode questionar o tipo de apoio do presidente à Ministra de Educação e o “apoio” ao Ministro da Agricultura, quando o presidente falou desse membro do governo estando ao lado dos membros da associação de agricultores. Questionar significa surpresa e querer compreender esses discursos.
sexta-feira, junho 16, 2006
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