As nossas cidades conseguem ser de uma beleza rara e de um horror insustentável, ao mesmo tempo e na mesma rua. Lisboa, vista ao longe, do degradado mas lindo cais do Ginjal, por exemplo, é a cidade mágica do mediterrâneo. O Porto, visto ao longe, do cais de Vila Nova de Gaia, é uma sucessão de fortalezas com pormenores de renda de bilros nas suas moradas. Outras cidades, imersas na luz ou no verde, surgem-nos galantes, mas depois... percorridas as suas ruas, há muitas vezes o sentimento de que se nos cola a alma ao degradado dos edifícios, à miséria que adivinhamos em alguns lares, à pobreza de alguns restauros.
Agora aí está a nova lei das rendas que é esperada há anos. Será que vai pôr fim à ganância de alguns senhorios e de alguns inquilinos? Que vai reequilibrar o mercado, mas sobretudo, reequilibrar o urbanismo nas cidades?
O que eu sei de inquilinos que andam a tentar extorquir dinheiro aos seus senhorios, depois de terem vivido toda uma vida nessas casas e de nelas já não habitarem há tempos porque foram gozar a sua reforma para fora de Lisboa, e o que eu sei sobre senhorios que deixam degradar propositadamente a sua propriedade para obrigar os inquilinos, muitos deles fragilizados economicamente, a sair, já dava um opúsculo. Mas deixo isso para quem sabe melhor.
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