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Eu nem sequer gosto sempre do futebol como desporto. Mas ontem chorei.
Nem sequer está doente ou morreu um familiar ou um amigo. Mas ontem chorei.
Não estou desempregada e ninguém me traiu ou desapontou. Mas ontem chorei.
Não é pelo futebol que o bem-estar comum dos portugueses fica afiançado. Mas ontem eu chorei. Chorei e muito.
Chorava por causa do resultado daquele jogo? Talvez não. Chorava por causa do resultado diário de Portugal nas nossas vidas? Talvez sim. Ou Talvez não.
Sim, é uma parvoíce. Devia estar a escrever sobre o tipo de propaganda conduzida pela imprensa francesa. Mas agora não.
E sim, eu sei que Vasco Graça Moura tem razão. Mas daí não retiro nenhum consolo.
Reprodução de um quadro de Édouard Manet (1832-1883) , "As bolas de sabão"
França, 1867
1 comentário:
Cara Isabel,
julgo que hoje qualquer português compreenderia esssa lágrimas, porque o futebol (e sobretudo aquele jogo) nada tem que ver com razão, seja do Vasco Graça Moura, seja de quem seja. Além de tudo o que diz, o que ali ficou frustrado foi ainda não ter sido desta vez que, simbolicamente (o futebol também serve para isso), mostrámos a nós mesmos que o carrasco não é invencível. É muito pedir isso de um jogo de futebol? É, mas que fazer? -- A propósito, convido-a a visitar o meu «instante», onde desta vez também chegou a actualidade... futebolística.
(Ah, parabéns pela escolha da imagem para ilustrar o texto, magnífica na sua ironia.)
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