quinta-feira, julho 06, 2006

campeonato do mundo. Só de futebol.


Eu nem sequer gosto sempre do futebol como desporto. Mas ontem chorei.
Nem sequer está doente ou morreu um familiar ou um amigo. Mas ontem chorei.
Não estou desempregada e ninguém me traiu ou desapontou. Mas ontem chorei.
Não é pelo futebol que o bem-estar comum dos portugueses fica afiançado. Mas ontem eu chorei. Chorei e muito.
Chorava por causa do resultado daquele jogo? Talvez não. Chorava por causa do resultado diário de Portugal nas nossas vidas? Talvez sim. Ou Talvez não.

Sim, é uma parvoíce. Devia estar a escrever sobre o tipo de propaganda conduzida pela imprensa francesa. Mas agora não.

E sim, eu sei que Vasco Graça Moura tem razão. Mas daí não retiro nenhum consolo.

Reprodução de um quadro de Édouard Manet (1832-1883) , "As bolas de sabão"
França, 1867

1 comentário:

lector disse...

Cara Isabel,

julgo que hoje qualquer português compreenderia esssa lágrimas, porque o futebol (e sobretudo aquele jogo) nada tem que ver com razão, seja do Vasco Graça Moura, seja de quem seja. Além de tudo o que diz, o que ali ficou frustrado foi ainda não ter sido desta vez que, simbolicamente (o futebol também serve para isso), mostrámos a nós mesmos que o carrasco não é invencível. É muito pedir isso de um jogo de futebol? É, mas que fazer? -- A propósito, convido-a a visitar o meu «instante», onde desta vez também chegou a actualidade... futebolística.
(Ah, parabéns pela escolha da imagem para ilustrar o texto, magnífica na sua ironia.)