Os conflitos no Médio Oriente, e a questão da segurança da região, não parecem ser tratados como se fossem de natureza pré contemporânea?
É curioso que Israel, um país que nasceu na contemporaneidade, com uma forte estrutura social reveladora de conhecimentos culturais e científicos de nomeada, esteja afinal, e de forma recorrente, implicado na resolução dos conflitos com outros Estados, seus vizinhos, de modo tão anacrónico no que a um contexto de direito internacional ainda diz respeito. Será pelos governos de Israel entenderem a sua política de defesa como “política de fortaleza” e não como a que um estado em litígio com outros deve buscar? Porque os outros países da região não o aceitam como estado? Ou porque os governos de todos os estados da região, inclusive os de Israel, continuam a pensar, se ao contrário não forem obrigados, que os conflitos se devem continuar a resolver da maneira como os senhores tribais a resolviam?
Nie Jr. fala-nos da necessidade de compreendermos os conflitos internacionais a partir da dinâmica indivíduo, estado e sistema internacional. Esta tríade de elementos, se bem identificada e analisada, explicará, segundo o autor, como recrudesce ou se resolve os conflitos. Ora ao dizer que factores religiosos, económicos e de regime politico tornam a política do médio oriente volátil, está a dizer-nos que não há pontos de fixação a partir dos quais se possa construir um entendimento pacífico que concilie os interesses dos três actores envolvidos. E que, por isso, “Podemos esperar a continuação do conflito no Médio Oriente”.
Joseph S. Nie, Jr, Compreender os conflitos internacionais: uma introdução à teoria e à história, p.p. 204-216.
Philippe M. Defarges vai retirar da análise da dinâmica do conflito entre Israel e os árabes, não o indivíduo, o estado ou as instituições internacionais, mas o determinismo geopolítico que é muitas vezes evocado como a causa que está a minar o entendimento entre aquelas três esferas de poder e de equilíbrio para a região. É por isso mais optimista quando afirma: “(…) o próximo Oriente pode ser não só a terra do conflito sem fim, mas também um dos laboratórios de uma das experiências-chave deste final de século: a aprendizagem de uma existência partilhada entre homens que se tinham encarado como irremediavelmente inimigos, ainda que o seu passado comum mergulhe na noite dos tempos.”
Philippe Moreau Defarges, Introdução à Geopolítica, pp. 125-127.
terça-feira, julho 04, 2006
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