quarta-feira, agosto 30, 2006

Chavéz… A Venezuela tornou-se especial quando conheci e me tornei amiga de uma venezuelana especial. Foi com ela que aprendi a história recente da Venezuela, foi com ela que a verdade de uma Venezuela dos pobres, dos muitos pobres, se sobrepôs à mirífica visão de uma Venezuela rica e em festa que eu fixara de um qualquer romance dos anos setenta. Sigo com atenção as notícias sobre a Venezuela e, procurando manter a ideia de que o presidente venezuelano é um homem eleito democraticamente, não consigo compreender o folclore da figura. Nem a minha inteligente amiga venezuelana, que mesmo assim consegue esfoçar-se por enquadrar a figura em parâmetros de racionalidade política, me consegue fazer compreender as acções espaventosas e provocadoras do seu líder, só mesmo a literatura Sul-americana o pode explicar. O homem saiu de um romance de Marquez, uma personagem a morar entre a embriaguez telúrica do poder em nome do seu povo, e a ânsia de procurar universalizar esse poder em nome de uma ideologia social que se vê como intérprete de uma qualquer luta de David conta o Golias globalizado. É recorrente nos detentores do poder, e não tem necessariamente que ser um mal, o pior é quando se escolhe por amigos da causa e se faz alianças com tipos que põem a ovacioná-lo com cartazes na rua, os mesmos homens que andaram a queimar embaixadas ainda não há muito tempo.
Alguém lhe devia dizer que mais valia andar só com os seus projectos sociais, do que andar com más companhias.

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