quarta-feira, agosto 23, 2006

O documentário sobre Marcelo Caetano apresentado na quinta-feira passada na RTP1 demonstrou mais uma vez que temos equipas muito bem preparadas para fazer trabalhos de grande qualidade em informação. Só registo um aspecto que considero menos bom, o facto dos jornalistas terem sentido necessidade de repetir imagens no decorrer do documentário. Parece-me que deve haver um acervo suficientemente grande para não ser necessário recorrer a essa estratégia. De resto, o conteúdo e a forma foram apresentados de forma exemplar.
Lembro-me de, há muitos anos, ter assistido na SIC a um debate sobre a figura de Caetano, com vários comentadores presentes. Cheguei ao fim do programa exaurida com as discussões que não levavam a lado nenhum, porque profundamente demarcadas ideologicamente, e sem ter ficado um milímetro mais esclarecida sobre esse tempo e essa pessoa. Que diferença para melhor revelou este trabalho.

Antes disso assisti também à entrevista de Judite de Sousa a Ana Maria Caetano e fiquei a pensar como, afinal, este país que ainda há só trinta e dois anos está em democracia e dá importância ao voto universal, precisa de quotas para mulheres na política. Normalmente tenho as maiores reticências em relação a este assunto, como já aqui escrevi, mas quando vejo pessoas como Ana Maria Caetano, que podiam ter pensado e vivido efectivamente o fenómeno da governação política, serem, e a deixarem-se ser, remetidas para o papel de belas acampanhantes sem outro papel de intervenção social que não seja a de modelo fotográfico, fico confundida com a ineficiência da nossa estrutura social, e penso que precisará ainda agora deste empurrão.

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