quarta-feira, setembro 27, 2006

Entre a minha vida pessoal e profissional (exemplo: eia, eia, já recebi a carta da FCT a oficializar a aprovação da minha candidatura a um novo projecto pós-doc.), a apreciação da hora que dediquei a ouvir os esclarecimentos do Primeiro-ministro ao parlamento (ao país), o meu constrangimento psicológico com o estado físico das pessoas que encontro aqui no meu bairro quando ando a pé, e que descubro espantada serem em grande número vítimas de Acidentes Vasculares Cerebrais, e nas quais nunca tinha reparado antes, e as solicitações que determinados temas mundiais como o das privações e da violência continuada em Darfur, como noutras zonas do globo, têm sobre mim, onde ficará a verdade da minha tentativa de racionalizar a existência?

Entre o que eu quero escrever, o que posso, o que não posso deixar de escrever, onde está a verdade?

Como equilibrar a minha tendência panfletária, que me faz pender às vezes para o lado mais populista das questões, e a minha profunda vontade de objectivar e de conhecer fundadamente a realidade em apreço? Como evitar dizer que o Primeiro-ministro teve o tom e o conteúdo certo no parlamento, dificultando, às vezes caricaturalmente, as intervenções da oposição, sem que isso me impeça de criticar as políticas que os seus ministros da Saúde e da Educação, sob seu consentimento, têm conduzido em alguns aspectos pontuais? Como ignorar que por mais projectos de investigação que veja ser financiados me sinto tão confundida como no primeiro ano em que entrei para a universidade? Como esquecer a fome e a violência sobre os que não conheço, e a doença e a morte dos que caminham a meu lado, sem saber o que lhes hei-de fazer?
Filho, meu filho.

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