Vou escrever sobre duas coisas que ontem de mim se apoderaram, isso antes de continuar o comentário sobre o tema da revolução com H. Arendt.
1. Não gostei muito do romance Doidos e Amantes. É impossível não gostar mesmo, de todo. Isso não. Gosta-se sempre. Mas não gostei muito.
Aquele jogo de espelhos que é comum na criação das personagens de Agustina desgostou-me na pessoa de Maria Adelaide Coelho da Cunha. Na verdade, esperava mais asserções sobre o carácter, ou sobre a vida, ou, ainda sobre o acontecimento passional e social. Mas, demasiado respeitadora do mistério da figura e do caso, Agustina deu-lhe a máxima ambiguidade e procurou não nos acrescentar nada sobre a figura. Sei que a ficção ganhou, e que não está escrito em lado nenhum que se trata de uma biografia, mas incomodou-me os enviés narrativos feitos na apresentação de Maria Adelaide. Ganharam os temas da paixão, do desejo, da loucura, perderam as pessoas. Como se estas existissem para justificar a reflexão (essa sim soberba) sobre as paixões.
2. Eu não vejo telenovelas desde que era adolescente. Pronto, não vejo porque não me interessam, não para demonstrar o que quer que seja a quem quer que seja. Acho eu. Se me interessasse, via, claro. Digo eu. Mas vejo bastante televisão, em geral. E sigo muitas séries de ficção em diferentes canais. Ora ultimamente tenho dado por mim completamente fascinada (do tipo de fascínio que me lembro ainda o de ser o que a telenovela exercia sobre mim) por uma série em particular, a “Anatomia de Grey”. A série passa todos os dias (excepto fins-de-semana, ou se passa eu não sei), no canal por cabo Fox Live. A várias horas do dia. Eu comecei a perceber que um sentimento estranho me ligava àquela série, quando me dei conta que ficava profundamente irritada quando não encontrava nas vinte e quatro horas do dia, o tempo necessário para sintonizar a hora da série e perdia um episódio.
A televisão pública trouxe a série para a sua programação. O que é uma óptima ideia. A diferença é que aqui a emissão dos episódios passa a ser semanal e não diária. O que vai fazer perder aquele sentimento noveleiro de “olhem para ali aquelas “minhas” personagens todos os dias “cá” em casa. Mas fica-se a conhecer a inteligência de Grey, a bondade de Izzie, a fragilidade de O` Malley, a ambição de Yang e a intranquilidade de Karev, num registo ficcional de grande qualidade. É quase, quase telenovela. Mas não é. Atente-se no discurso de Grey durante todos os episódios. Estreia hoje. Mas o melhor está por vir.
quarta-feira, novembro 15, 2006
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