terça-feira, novembro 28, 2006

Os meios e os fins na educação superior

Ontem, depois do cansaço de escutar até horas tardias o programa “Prós e Contras” subordinado ao tema do financiamento do Ensino superior (mas que ideia pôr o programa a terminar tão tarde...) só consegui alinhar dois pensamentos: como é que um dos melhores Ministros que a República tem tido embarcou na falácia da misericórdia e na da falsa generalização logo que iniciou o seu discurso? Que não haja Ministro e Secretário de o Estado que não o faça, já é de lamentar, mas que o Ministro Mariano Gago embarque nesse já insustentável chavão do governo de Sócrates que serve como legitimação de qualquer política, para não dizer que é a própria política (o défice, sabe…, e o país…, e vocês não querem deixar de fazer sacrifícios pela nação enquanto todos os outros fazem…, não é?). Mas alguém ainda acha que isto é argumento? E serve para tudo? Querem enganar quem? Claro que queremos fazer sacríficos por Portugal se percebermos que esse sacrifício não sacrifica a própria concepção que temos de uma política futura para Portugal. Então é agora o governo que tem o monopólio das ideias boas para Portugal, não?
Ao menos, na inusitada intervenção do prof. Moniz Pereira de forma sacudida disse-se as verdades que o Ministro no seu discurso redondo não tinha a coragem de dizer na cara dos senhores reitores: - Há que abanar o sistema e a única ideia que tivemos para o fazer é cortar nos financiamentos para ver se da crise nasce uma gestão mais rigorosa.

Mas o que tem esta preocupação com a racionalidade dos meios, pertinente, a ver com os fins que se querem para a educação em Portugal?
O que me leva à segunda coisa em que pensei. O prof. Adriano Moreira e o prof. Nóvoa, este em menor grau, fizeram as perguntas certas da noite e que o Sr. Ministro não respondeu (ressalvo que respondeu bem a outras como a que dizia respeito aos critérios de selecção das universidades para parceria com o MIT), afinal qual é o paradigma de ensino/socialização para o qual nos estamos a preparar? Onde estão as políticas concretas que ditarão o caminho da nação no que à formação superior diz respeito?

E mal esteve este Ministro, como o estão todos, os que sustentam a posição de Portugal como uma nação periférica, porque para isso terão que justificar onde está, e porque o é, o centro. Que eu saiba não há uma nenhuma marca geodésica, ou metafísica, que nos obrigue a situar na periferia do que quer que seja.

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