quarta-feira, novembro 08, 2006

Reforma 2

“Reformista é, pelo contrário, o movimento que visa a melhorar e a aperfeiçoar, talvez até radicalmente, mas nunca a destruir, o ordenamento existente, pois considera valores absolutos da civilização os princípios em que ele se baseia, mesmo que sejam numerosas e ásperas as críticas que, em situações particulares, se possa dirigir ao modo concreto como tais princípios se traduzem na prática. É por isso que em seu seio predominam naturalmente os defensores da via gradual e pacífica, uma vez que a violência poderia certamente comprometer os valores fundamentais; mas não falta, aliás, quem, em certas contingências históricas, invoque o uso da violência, quer para impedir que tais valores se desenvolvam plenamente, quer para obstar a que sejam sufocados.”, p. 1077.


“Os reformistas pensam (…) que é seu dever concorrer para a eficiência económica do sistema, porque só uma produção em constante aumento cria os meios necessários para a melhoria incessante do nível de vida das massas, condição indispensável, por sua vez, para que o povo possa participar efectivamente na vida democrática e se possa chegar pela democracia, caso não surjam dificuldades inerentes à própria natureza humana, ao único socialismo com sentido, ao realizado pelas massas e para as massas, ou seja, à socialização das liberdades e do auto governo, há muito privilégio de poucos.” P. 1078

“(…) a sua (de P. Leroux) originalidade e grandeza estão em ter sustentado com firmeza que a função, e portanto o limite, da intervenção estatal na economia e na vida social em geral é a de garantir a todos a participação efectiva nas liberdades, pois a única igualdade que realmente conta e tem sentido é a igualdade na liberdade”. pp.1078-1079
(…)

D. Settembrini

Vivemos então os tempos de um socialismo liberal em Portugal. Com que convicção?
E se não o reformismo, então o quê? Se não isto, então o quê?
Settembrini só enuncia como soluções teórico ou práticas ao estado de coisas das democracias liberais, as que são oferecidas pelo reformismo, pelo anarquismo e pelo marxismo. Quer dizer que o reformismo engloba ideologicamente os partidos sociais-democratas, de entre os quais os partidos socialistas liberais. Os partidos que visam melhorar a ordem democrática existente sem destruir os valores, as instituições e os processos que a materializam. Com que convicção, volto-me a perguntar? E só há, no espectro das ideologias e dos comportamentos políticos por elas afectados, os que defendem esta ordem tal como ela existe, os que a querem ver revista, os que a querem destruir e os que a querem ultrapassar?

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