Ontem à noite quando cheguei a casa, a SIC Notícias fazia correr em rodapé a anúncio de um discurso de Bush a anunciar o seu novo plano para o Iraque, discurso previsto para as duas da manhã. Não me consegui impedir de pensar nos impérios que se foram criando ao longo da história, e nas formas de comunicação que eles tiveram que estabelecer para fazer anunciar/estabelecer as razões que lhe aprouverem para prosseguir as suas acções. Estremeci, não só pelo interesse universal que o destino do povo iraquiano merece nos órgãos de comunicação dos outros povos, no que, de um ponto de vista teórico se explica e se exige igualmente e relativamente à sorte de qualquer outro povo que saibamos, ou devíamos saber, se em sofrimento, mas por sentir que as decisões de Bush afectam não apenas a sorte do povo iraquiano, fenómeno que já de si me parece extravagante no séc. XXI, mas do mundo, numa cadeia de razões políticas, não naturalmente necessárias nem sufragadas, ou contratuais, universalmente.
Impressionada fiquei pela arbitrariedade da história se continuar a escrever, uma vez mais e sempre, por força das palavras de um homem que dispõe do poder de enviar a espada a partir do seu Estado, no qual foi eleito, para um outro Estado onde nunca sujeitou as suas regras a escrutínio interno, ou obteve consenso externo para a intervenção.
Não me custa compreender o papel da administração americana, no quadro da compreensão que se tem da história no passado e das relações internacionais entendidas como defesa dos interesses do que mais tiver poder no momento histórico. O que me pesa é a inoperacionalidade de conceitos civilizacionais que um número de pessoas cada vez mais crescente reconhece e não consegue impor como regra para o presente. Esta consciência de inoperância ou de lentidão de operância de estratégias internacionais reconhecidas e aceites pelo direito universal causa-me desconforto e desânimo, a mim que vivo descansadamente numa democracia. A 19ª democracia, dizem-me. O que não causará em quem for industriado a não acreditar senão na violência para combater a violência?
Por outro lado, ouvindo os iraquianos, em vozes que nos chegam por reportagem dando conta de uma incredulidade relativas ao que lhes está a acontecer e que, exceptuando grupos rivais de milícias em confronto directo pelo poder nas ruas, nenhum iraquiano deseja, seja curdo, chiita ou sunita, também não se reconhece agora em que é que a saída dos soldados americanos resolveria para já as condições de segurança daquele povo. Daí que eu tema que o presidente Bush ainda venha a declarar mais tarde que por o congresso ter impedido a execução do seu plano de envio de mais tropas é que a guerra ficou totalmente perdida.
Esta será a desculpa no futuro, a de que o congresso impediu a resolução do conflito iraquiano, proporcionado pela intervenção americana, afirmando ser esse um assunto interno e propondo-se a retirada?
Impressionada fiquei pela arbitrariedade da história se continuar a escrever, uma vez mais e sempre, por força das palavras de um homem que dispõe do poder de enviar a espada a partir do seu Estado, no qual foi eleito, para um outro Estado onde nunca sujeitou as suas regras a escrutínio interno, ou obteve consenso externo para a intervenção.
Não me custa compreender o papel da administração americana, no quadro da compreensão que se tem da história no passado e das relações internacionais entendidas como defesa dos interesses do que mais tiver poder no momento histórico. O que me pesa é a inoperacionalidade de conceitos civilizacionais que um número de pessoas cada vez mais crescente reconhece e não consegue impor como regra para o presente. Esta consciência de inoperância ou de lentidão de operância de estratégias internacionais reconhecidas e aceites pelo direito universal causa-me desconforto e desânimo, a mim que vivo descansadamente numa democracia. A 19ª democracia, dizem-me. O que não causará em quem for industriado a não acreditar senão na violência para combater a violência?
Por outro lado, ouvindo os iraquianos, em vozes que nos chegam por reportagem dando conta de uma incredulidade relativas ao que lhes está a acontecer e que, exceptuando grupos rivais de milícias em confronto directo pelo poder nas ruas, nenhum iraquiano deseja, seja curdo, chiita ou sunita, também não se reconhece agora em que é que a saída dos soldados americanos resolveria para já as condições de segurança daquele povo. Daí que eu tema que o presidente Bush ainda venha a declarar mais tarde que por o congresso ter impedido a execução do seu plano de envio de mais tropas é que a guerra ficou totalmente perdida.
Esta será a desculpa no futuro, a de que o congresso impediu a resolução do conflito iraquiano, proporcionado pela intervenção americana, afirmando ser esse um assunto interno e propondo-se a retirada?
Um dia convenceram-se as tropas americanas, os seus líderes, de que se tinha perdido uma guerra no Vietname por causa da má imprensa na cobertura dessa guerra que desmobilizou a opinião pública no que a um apoio ao envio de mais tropas dizia respeito, agora temo que a desculpa seja, para o futuro, de que os democratas impediram a estratégia militar de buscar, finalmente, o êxito quanto aos seus objectivos. A não esquecer, os de impor (!) uma democracia no Iraque. Ficando mais uma vez por discutir, ou por se fazer responsabilizar, os que defenderam a irrelevância nacional da questão da legitimidade inicial da intervenção, assim bem como fica por discutir a competência dos líderes políticos e militares para, pondo em causa a frágil ordem internacional, conseguirem impor os seus intentos. Continuam a sobrar os problemas do império. E ouvimos as palavras de Bush com um sentido com que nem sequer ouvimos as palavras do presidente da nossa nação. Por mim falo.
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