Eu tinha acabado de sair de duas leituras muito más. Assim, de seguida. Lá me aguentei a ler o último livro de Isabel Allende, estupefacta com a má qualidade do romance que está ai no topo de vendas. É que é mesmo muito fraco o Inês da minha alma, a quem nem sequer as referências históricas conseguem salvar a face de uma escrita ao rés de um romance que podia ser de uma bela personagem literária feminina e não passou de um esboço grosseiro de uma mulherzinha e seus amantes com a revolta dos índios nativos do Chile como pano de fundo. Aguentei-me também a ler o livro de Lou Marinoff, Mais Platão, menos Prozac! A culpa é de Platão que se deixou pôr a jeito no título. O livro, do ponto de vista da reflexão filosófica, é uma desgraça, mas sendo um livro de auto-ajuda, é, como todos os livros de auto-ajuda, um livro de filosofia instantânea, e nada mais se lhe deve pedir que seja. Mas quando chegou a hora da minha submersão em vírus, eu já andava a ler um livro deliciosamente bem escrito, o Autor, Autor de David Lodge, daí que não possa afirmar em absoluto: - Diz-me que livro andas a ler, dir-te-ei que doença terás. Algo que teria conotações muito Humberto Eco, diga-se.
Foi o prof. João Carlos Correia quem mo tinha indicado, um dia em que eu me devia estar a sentir-me mais “Calimero” que o próprio “Calimero” no que a assuntos universitários diz respeito. “David Lodge? Sim?! Não conheço.” Fui conhecer. Comprei o livro, um dos dois que havia, e ao calhar, na livraria nova que abriu há pouco tempo na Rua Vasco da Gama em Lagos. O livro não tratou de me perspectivar em relação à universidade, mas em relação à construção de um ego cheio de matizes psicológicas do mundo literário, Henry James. É um portento de escrita com um toque de época e de meio, o que não é um defeito.
Afundada em sensações virais imaginava Lamb House, ou meneava a cabeça com a relação empertigada de James com os amigos escritores, sobretudo com o superior carácter da escritora Fenimore, ou deixava-me compadecer com a perseguição de si por si mesmo descrita pela mão de Lodge, e, sobretudo, sentia alívio com o ventinho fresco na cara quando dos passeios dados a pé e de bicicleta pela personagem principal. E agora convençam-me lá que eu nunca estive no East Sussex.
terça-feira, fevereiro 06, 2007
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