sexta-feira, março 09, 2007

Identidade e violência 2

Em confronto duas teses redutoras que, segundo Amartya Sen, são as responsáveis por, cada uma a seu modo e na sua vez, fazerem com que os dirigentes mundiais continuem a insistir em modelos políticos que não permitem encontrar soluções para a resolução dos muitos conflitos existentes na actual ordem internacional, a saber: a teoria que defende que o fim justifica os meios, desde que as consequências da acção realizem o interesse do indivíduo (desvalorização do conceito de identidade por subalternização à ideia que defende a “existência de indivíduos absolutamente egoístas”); e a teoria que afirma que os indivíduos se definem e modelam o seu comportamento enquanto membros de um grupo (afiliação única), consistindo pois a noção de pertença, de identificação, a motivação superior para justificar a acção do indivíduo.


O confronto destas ideias já não tem por palco as academias do mundo inteiro, ocuparam lugar na definição de acção que os Estados têm que adoptar. Uma tragédia, segundo Sen. Uma tragédia. E depois diga-se que são só ideias.

Amartya Sen, Identidade e Violência, trad. M. J. de La Fuente, Lisboa, Tinta-da-China, 2007.

3 comentários:

Anónimo disse...

"Combaterei pelo primado do Homem sobre o indivíduo - como do universal sobre o particular. Creio que o culto do universal exalta e liga as riquezas particulares - e funda a única ordem verdadeira, que é a da vida. Uma árvore está em ordem, apesar das raízes que diferem dos ramos.

Creio que o culto do particular só leva à morte - porque funda a ordem na semelhança. Confunde a unidade do Ser com a identidade das suas partes. E devasta a catedral para alinhar pedras. Combaterei, pois, todo aquele que pretenda impor um costume particular aos outros costumes, um povo aos outros povos, uma raça às outras raças, um pensamento aos outros pensamentos.

Creio que o primado do Homem fundamenta a única Igualdade e a única Liberdade que têm significado. Creio na Igualdade dos direitos do Homem através de cada indivíduo. E creio que a única liberdade é a da ascensão do homem. Igualdade não é Identidade. A Liberdade não é a exaltação do indivíduo contra o Homem. Combaterei todo aquele que pretenda submeter a um indivíduo - ou a uma massa de indivíduos - a liberdade do Homem." Antoine de Saint-Exupéry, in 'Piloto de Guerra'

E citando Amartya Sen:
"Vivemos um mundo de opulência sem precedentes, mas também de privação e opressão extraordinárias. O desenvolvimento consiste na eliminação de privações de liberdade que limitam as escolhas e as oportunidades das pessoas de exercer com ponderação a sua condição de cidadãos"

"A diversidade no interior dos países pode estranhamente contribuir para unificar o mundo e torná-lo menos discordante."

Resta é saber como...

Isabel Salema Morgado disse...

Volto a reescrever, contigo, as palavras de A. Sen:

"O desenvolvimento consiste na eliminação de privações de liberdade que limitam as escolhas e as oportunidades das pessoas de exercer com ponderação a sua condição de cidadãos".

Como? Penso que uma das formas passará pela substituição de teorias e de práticas existentes que comprovadamente já deram provas de alimentar a exclusão e a violência, a pobreza e a morte. Mas para que isso não seja uma mera passagem de testemunhos históricos, mais ou menos aleatória, mais ou menos imposta de cima, haverá que insistir nos métodos que ensinam a pensar. Talvez.
Eles existem há séculos e estão sempre por actualizar.

isabel



Isabel

HELDER Lopes disse...

parece-me ser um livro muito interessante..
não sei se me podem ajudar, pois tenho que fazer uma breve apresentação deste livro para uma aula...
não sei se podem ajudar-me com mais informações sobre o livro???
helder.pearljam@gmail.com