quinta-feira, maio 03, 2007

Exorcismos contra periódicos versus Liberdade de Imprensa


Neste dia de comemoração da Liberdade de Imprensa, liberdade que mesmo em democracias é entendida como um fenómeno a ser condicionado, o que é estranho em teoria mas confirma as práticas de autoritarismo presente nos fundamentos da maior parte das tradições que dão origem às democracias, o meu aluno Paulo Alexandre enviou-me esta referência da Hemeroteca Digital:




"3 MAIO – Dia Mundial da Liberdade de Imprensa Exorcismos contra Periódicos e outros Malefícios, assim se intitulava o libelo que o Padre José Agostinho de Macedo escreveu em 1821 visando os jornais que proliferavam pelo país. Criados como os cogumelos depois da Revolução de 1820, os jornais eram vistos pelo autor como uma praga, cujo dano era comparável ao que “o Pulgão causa ás vinhas do alto, e do baixo Douro, e de toda a parte”. Para assinalar o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, a 3 de Maio, a Hemeroteca Digital coloca em linha esta raridade bibliográfica, criando uma nova secção, com o mesmo título, destinada à difusão de obras pouco conhecidas, de difícil acesso, mesmo nas bibliotecas, e há muito caídas em domínio público. O paradoxo da edição desta obra na Internet no dia em que se assinala a liberdade de imprensa é aparente pois o que estes Exorcismos traduzem mais não é do que a importância que os jornais sempre tiveram na formação de uma opinião pública crítica e informada e no debate de ideias. Uma leitura incontornável. "


A agenda pode ser consultada aqui.
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Na realidade é comum a todos os regimes esta vontade de controlar a informação e condicionar a comunicação, sendo que quanto mais ditatoriais menos liberdade é permitida, quanto menor for a tradição de liberdade de imprensa, maior será a tentação de legislar coercivamente sobre ela. Porém, a história prova que este condicionamento não é nunca suficiente para a sobrevivência em si dos regimes. A ausência de liberdade de imprensa não equivale à eliminação perene do desejo de liberdade de imprensa. Um regime pode durar 50 ou 70 anos, mas não dura o tempo que dura o desejo de liberdade e a luta pela mesma.
A leitura deste livro é no entanto uma delícia.

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