domingo, junho 22, 2008

Entre um ataque de vírus, muitas horas de cuidado e um longo suspiro de alívio e de cansaço aqui fica

uma citação do livro que ando a ler ( e que se revelou uma agradável surpresa, apesar dos meus preconceitos sistemáticos contra o autor), livro que me ajudou a focalizar após alguns dias de nevoaça: "Tal como disse Alexander Hamilton no nº 73 do The Federalist, "Ter poder sobre o sustento de um indivíduo é ter poder sobre a sua vontade." in O ataque à razão, p. 71

Pergunto-me, quando é que se deixa de querer ter poder sobre a vontade dos indivíduos? Não parece a existência uma luta de vontades, muito mais do que um confronto de argumentos? É como se o comportamento infantilizado e infantilizador se mantivesse eterno na cabeça e atitude de muitos. Nesse virote que é a luta entre o domínio das vontades e a força de ganhar por discussão racional, é como se de facto não houvesse solução à vista. Uma creche imensa é como pode parecer um país.
E no entanto há aquela esplanada sobre Lisboa ao lado do Mercado do Loureiro, a subir para o castelo, onde o encontro entre a beleza e a luz nos redime de qualquer desgosto que nos andasse a abocanhar. Há o nosso lugar no canto do universo, e não estamos sozinhas. E nenhuma perda no campeonato de futebol abate o desafio da multiplicação da bandeira com a qual os bairros populares de Lisboa engalanam as suas ruas nas festas dos Santos. E volta-se a comer sardinhas maradas que nos dão volta ao estômago, numa esquina qualquer, e o fado faz-se ouvir, mesmo sofrível, mesmo desalmado, até que a voz nos doa a todos. Uma vez, e outra, e mais uma vez ainda.

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