quarta-feira, dezembro 10, 2008

Os direitos humanos...

são uma ideologia. Das melhores, não a definitivamente melhor, porque sobre isso teríamos que pensar num limite para a criatividade humana, o que é contra-factual. São uma força de coação social sobre as tiranias do pensamento e da acção, mas não são panaceia para a má política, nem para as deficientes estratégias utilizadas em democracias medíocres.
Uma democracia medíocre é aquela onde não há paridade, onde não há equidade social, onde não participação cívica e produtividade pessoal e colectiva que eleve o estatuto social do país, onde não há mobilidade social. Desta democracia desespera-se e desrespeita-se.

Quem ignora os sinais de conflito social deixa perder a estrutura formal onde assentam as práticas diárias da democracia. O regime treme, os direitos desvanecem-se. O poder pode, temporariamente, suspender a retórica dos direitos humanos; afinal a quantos retrocessos civilizacionais não se assistiram já?

Este governo português, onde para mal da minha capacidade de decidir e escolher, ou para mal da oferta eleitoral presente que me sugira algo, eu votei, experimenta, na pessoa do primeiro-ministro, o gosto da contenda política, não para negociar racionalmente, mas para atiçar os ânimos, fazer explodir as emoções. O primeiro-ministro parece aquele adolescente mimado e parvalhão que de forma atoleimada mandava bocas aos colegas e aos professores, esticando a corda da sua imaturidade cívica e comportamental, até à inoportunidade, e que todos conhecemos de certa forma no liceu.
Garotos afectados a governarem. Já cansa. A democracia tem estruturas suficientes para que o peso das personalidades dos governantes seja mínimo. Mas não, todos eles querem deixar a sua marca determinada no pavimento legislativo; até à frenética produção do nada e para ninguém.

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