quinta-feira, dezembro 04, 2008

Sabendo isto...

"La force de la croyance démocratique, qui n`est pas à proprement parler démontrable, consiste à transformer en "volonté génerale" des preferances individuelles agrégés, dès lors qu`elles atteignent une majorité arithmétique déterminée (absolue ou relative). En ce sens, la démocratie repose bien sur un mécanisme d`essence religieuse; elle se finde sur une croyance partagée, protegée d`une critique rationaliste trop poussée, respectable à la fois dans son principe et dans ses effets."
Philippe Braud, La démocratie politique, p.p.82-83.

E não podendo nós deixar de ter que reflectir criticamente na questão da democracia representativa como uma crença de essência religiosa, ainda que, como acrescenta o autor, respeitável quer nos seus princípios quer nos seus efeitos, teremos que continuar a pensar na forma de tornar essa representação o mais alargada possível pela participação dos cidadãos na tomada de decisão das questões políticas.
Claro que isto também é uma crença, provavelmente ingénua, e sem dúvida optimista, acerca da natureza da competência humana em compreender, manifestar-se, decidir e se responsabilizar pelas suas escolhas. Valha-nos a justeza dos efeitos da mesma.
Entre a ideia de que a educação política é de interesse e de aplicação universal, e a ideia de que o excessivo interesse pela política revela um comportamento de cidadãos de estados subdesenvolvidos, parece haver um hiato intransponível, e no entanto, uma boa educação política se usada por todos no processo de formação da sua personalidade social, pode libertá-lo exactamente no futuro até para o livre e assumido desinteresse pela política, porque nesse caso, os próprios procedimentos democráticos interiorizados e utilizados como hábito no trato social, o direito dos estados democráticos enfim, faz o seu percurso normal sem temer o voluntarismo de governantes sem intuição e sem sentido da boa governança, fascinados que estão com uma ideia de si como homens destemidos, reformadores imparáveis e personalidades dominantes.

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