segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Este país não é para crianças 2

Uma amiga de amiga, pessoa cuja opinião estimo, discutia comigo a entrega da menina "Esmeralda" ao pai. Jurista de formação, ela defendia a superior decisão do tribunal, e alegrava-se por finalmente se ter feito justiça após todos estes anos de intoxicação da opinião pública por figuras alheias ao processo e que defendiam, diz ela, um crime de subtracção de menor.
Eu não duvido que a juíza do caso estivesse a fazer cumprir a lei, ainda que de forma sub-reptícia e ela própria digna de figurar no papel de uma subtracção de menor, mentindo aos presentes sobre a durabilidade da sua decisão; o que me perturba precisamente é este tipo de lei.
A minha amiga dizia-me que a partir do momento em que instado a fazer análises e confirmada que a criança era sua, o Senhor Baltasar requereu a guarda da filha. Mas eu perguntei-lhe como teria sobrevivo a bebé até ao dia em que isso aconteceu, se alguém não a tivesse acolhido, amado, alimentado e cuidado. Desde a gravidez até ao ano de idade da criança o pai não quis reivindicar direitos sobre a filha, ora como é que a lei permite este tipo de comportamento aos progenitores portugueses? Repito: Este país não é para crianças. Talvez seja para os proprietários de crianças.
..
Numas coisas estivemos de acordo: este caso não é um Benfica/Sporting da vida (embora ambas as partes tenham claques igualmente abusadoras) e existem dezenas de casos igualmente graves dos quais ninguém fala.
Pois, mas a lei não deixa de estar mal feita por isso mesmo. São péssimas as leis sobre adopção e cuidados de crianças em Portugal. Péssimas. E o Estado, em muitas das suas instituições, não é sequer um bom cuidador.

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