O livro que trouxe da livraria, O século dos Intelectuais, era afinal uma tradução da Bertrand para o português do Brasil. Lá tive que ir trocar o livro, porque na realidade havendo uma tradução em Portugal não sinto necessidade de o ler numa escrita em que "tropeço" mentalmente em certos termos. Uma questão de hábito e de conforto.
Ainda em saldo, e pelo preço de um, trouxe um livro de Jon Meacham sobre Roosevelt e Churchill, e um´outro sobre as mulheres na política de Michael A. Genovese.
De certa forma esta minha necessidade de andar sempre a rectificar o que faço é uma metáfora para a minha cegueira parcial como uma forma de ser.
Um professor meu alertava-me para a tendência de fazer avaliações baseada no que é contado por outrem, sendo que para todos conta aquilo que as pessoas fazem realmente connosco em cada situação. Constatar factos mais do que recolher apreciações de terceiros.
O problema parece-me estar na impossibilidade de nos relacionarmos de forma efectiva com todas as pessoas de quem nos falam, e de não podermos testar como hipóteses aquilo que nos é dito sobre outrem.
Imaginemos que uma amiga me fala das falhas de carácter do ex-marido. Ele até pode ser correcto e gentil para comigo quando me encontra, mas essa apreciação não poderá sobrepor-se à minha total confiança acerca da avaliação feita pela minha amiga acerca da má prestação do sujeito enquanto marido, daí decorrendo que eu própria o julgo segundo essa perspectiva.
Onde fica então o limite daquilo que eu tenho que tomar como verdade? A suspeita sobre todas as formas de discurso é legítima?
Mas isso implica estar sempre atenta a formas de influência e de poder, e de os ter sob permanente suspeita o que, na vida privada, nos pode levar à desconfiança paralisadora, e na vida pública à paranóia, ou não?
Pois, é uma questão de equilíbrio. Eu sei.
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