quarta-feira, setembro 30, 2009

Se não cedesse a pressões não se tinha deixado enredar pela comunicação estratégica do governo.

Na verdade, a comunicação do governo funcionou, pois conseguiu claramente os seus objectivos, a saber: 1. Encostar o presidente a uma acção política que o colava sempre ao PSD, mesmo por ausência de apoio ao mesmo - eu diria que era isto mesmo o que José Sócrates procurou impedir. Bastava insinuar que havia colagem do presidente a um partido para paralisar o presidente, que, como sabemos, é dado a pensar que o seu papel institucional é para ser cumprido de forma equidistante aos interesses partidários. E, em termos ideais, assim deveria ser. ; 2. Desviar as atenções da opinião publicada do debate sobre os problemas sociais, culturais e económicos do país.

Conseguiu o governo estes dois objectivos que o Sr. Presidente da República anunciou. Porque a sua estratégia tem sido quase sempre ganhadora: identifica o sujeito, as suas fraquezas, joga contra ele a opinião exacerbada de comentadores e de grande parte da população que segue estes acontecimentos e cria um enorme ruído que paralisa, inibe ou deturpa a acção do possível oponente, deixando-o isolado. O governo -lo em relação a todos os que considerou seus adversários (juízes, farmacêuticos, professores, jornalistas menos alinhados, funcionários públicos ou empresários a quererem livrar-se da tutela), e não o ia fazer com o Presidente?

A equipa de José Sócrates teve quatro anos de desenvolvimento de técnicas refinadas de manipulação comunicacional. Muitos portugueses o sabem, e não o Senhor Presidente? Ou o desejo de ver em Sócrates um reformador, um decisor com coragem, o cegou como a outros homens de direita, sempre à procura do grande líder para o seguirem?



Jornal de Negócios Online: "“O Presidente da República não cede a pressões nem se deixa condicionar, seja por quem for” e “foi por isso que entendi dever manter-me em silêncio durante a campanha eleitoral”."

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