sexta-feira, abril 21, 2006

testosterona sem rédeas ou baixa cultura nos comentários às políticas

Naquele dia o jornalista Pedro Osório juntava-se ao economista Miguel Beleza e rivalizavam entre si a competir pelo grau de homem mais brejeiro no terreiro. A coisa estava a tornar-se impertinente, mas a simpática Fátima Campos não dava sinais de pôr um travão (como sempre) nas descargas de testosterona que ali se manifestava. Em dado momento, Pedro Osório tem uma saída fora de contexto a respeito dos atractivos físicos da apresentadora e de uma convidada do programa. Tratava-se do programa “Prós e Contras” e felizmente a convidada era Marina Costa Lobo que logo que tomou a palavra deu voz à estupefacção de muitos espectadores que em casa pensavam: “Mas o quê, aquele jornalista, cujo trabalho admiramos, tem este comportamento de servente das obras quando vê passar uma mulher?” A doutora Lobo fez uma intervenção mais pedagógica que esta, e o assunto ficou por ali.

Relembro este triste episódio por causa da publicação nesse pasquim inglês “the sun” de uma fotografia da chanceler alemã A. Merkel. Não vou comentar a publicação da fotografia das nádegas da senhora, era o que mais me faltava importar-me com isso sem ser no quadro mais alargado do respeito pela privacidade de cada indivíduo, mas o que me preocupa é a facilidade, e a frequência, com que se aceita os discursos que insistem em comparar os atractivos físicos de uma mulher com as suas prestações (actuações ou comentários) em política.

Suspiro e contra-ataco, como a maior parte dos decisores políticos são homens, feiíssimos, deselegantes e sem encanto, podemos subentender que é por isso que a política que fazem é feia, bruta e má? É que sempre passaria a ser um critério visível para as nossas escolhas na hora de votarmos.

Ler no Jornal de Notícias:
foto_merkel_indigna_alemaes.html

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