Do alto da minha capacidade para ler um parágrafo ou dois de um qualquer jornal do dia quando estou na praia, olhei de relance para todas aquelas pessoas estiradas ao sol a lerem o seu livro, com um pensamento trocista: “Está bem, está! A lerem livros na praia…romancezinhos de cordel é o que deve ser! Olha só para eles todos entretidos com o “Simplesmente, Maria” lá da terra.
Passa uma família à minha frente: três crianças, a falarem um alegre alemão entre si, um pai carregado com as parafernais coisas das famílias, e uma mãe distraída a olhar para o mar. Na mão, juntamente com uma toalha dobrada, a mãe transportava um livro. Obriguei-me a olhar para ver se conseguia ler o título. Não consegui, mas o nome do autor, ao invés, sobressaía claramente sobre a dobra da toalha: Samuel Beckett. Samuel Beckett?! Consegue e deseja ler Beckett na praia? Quando é que eu li Beckett pela última vez…deixa cá ver…pois…adiante.
Devem dar uma poção qualquer aos cidadãos ingleses, alemães e aos de demais nacionalidades dos leitores turistas das nossas praias quando estes nascem. Não pode ser genética. Será coincidência? Ou acaso essa poção chamar-se-á educação pública aliada a responsabilidade individual de cada aluno, e dos seus pais, desde o primeiro ano do ensino oficial?
O quê? Responsabilidade individual dos infantes portugueses, qual quê, não querem lá ver a professora a querer fugir à culpa de ser co-responsável pelo mau ensino praticado em Portugal? Olha a calaceira.
Qual é o défice das nossas contas em Portugal?
Como é com os exames em Portugal?
Como se julgam os crimes praticados contra crianças em Portugal?
Como se julgam os crimes praticados por crianças em Portugal?
Qual é o discurso que sobressai para regular os comportamentos sociais em Portugal?
Qual? O do exemplo? Da consistência? Da avaliação isenta e rigorosa, com consequências? O da publicação de listas? ah!
quinta-feira, agosto 03, 2006
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