segunda-feira, outubro 16, 2006

Coisas que eu ouvi 2 - José Timóteo Alvarez

Karl Rove , o director da campanha de Bush, o seu “spin doctor”, conseguiu ganhar 9,5 milhões de votos para o seu candidato de entre os 12 milhões de primeiros votantes. Sabendo-se da autoridade que o primeiro voto tem na determinação das intenções futuras de votação, Rove “deu” aos conservadores uma bela base de sustentação das suas políticas.
Karl Rove construiu a sua campanha com base em quatro ideias: 1. "As pessoas não ouvem o que se lhes diz"; 2. "As que ouvem não entendem"; 3. "As que entendem não têm interesse"; 4 "As que têm interesse esquecem-se".
Não ouvem, não entendem, não têm interesse e esquecem-se, então o que se dá às pessoas? Campanhas de política espectáculo.

Dizia ele que o paradigma de conceito mudou nesta última década por influência dos meios de comunicação que estariam a abandonar a sua função instrumental, de mediação das mensagens entre governantes e cidadãos e destes para os políticos, para se tornarem dominadores na forma e no tipo de selecção de conteúdo, obrigando os actores políticos e sociais a seguirem na sua acção comunicativa o formato por estes impostos. Deu como exemplo o preço das campanhas políticas que, com a generalização da TV já nos anos 80, se têm vindo a tornar incomportáveis para os partidos políticos, ficando por esclarecer a questão de “onde é que se vai buscar o dinheiro para pagar as campanhas?” Quem é que financia as campanhas políticas dos nossos candidatos a governantes?
Neste sentido, a confusão entre a política e os negócios torna-se a marca do poder que temos. Passa-se a ter mais uma definição de Estado, paralela à de muitos outros: o Estado contemporâneo tende a ser um Estado Virtual em que o poder se dilui. O Estado dos que funcionam segundo o sistema que envolve a troca e a venda de mercadoria ideológica organizanda entre os meios de comunicação, os políticos e os financeiros.

Será na tríade política, dinheiro e media que teremos então que buscar indícios da nova forma de poder travestida no mundo, sendo que todo o poder que se converta a uma só ideologia (no caso à dos poderes económicos) se transforma numa tirania.

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