sexta-feira, outubro 27, 2006

administração pública e as normas sociais e profissionais

"O esforço para ser mais "científico" do que permite o objecto de estudo tem custos reais no facto de tornar cegos para as complexidades reais da administração pública tal como é praticada em sociedades diferentes."
p. 100

"As administrações públicas nos países em desenvolvimento estão contaminadas por compadrios e corrupção, e limpá-las, mediante a implementação de sistemas de serviços públicos "modernos", tem sido um objectivo central da reforma das instituições." p. 95

"No mundo desenvolvido, as administrações públicas "modernas" ostentam variações consideráveis na forma como recrutam, formam, promovem e disciplinam os funcionários. Os sistemas de "mandarins" que existe no Japão e em França são muito diferentes da abordagem feita pelos EUA e permitem aos sistemas francês e japonês envolver-se em actividades que dificilmente seriam levadas a cabo nos EUA. A incapacidade de notar estas diferenças conduziu no passado a importantes fracassos políticos." p.95
"As organizações criam e promovem normas por meio de socialização e treino, mas as normas também se derramam a partir da sociedade envolvente", p.92

"(...) as áreas mais difíceis de reformar são as actividades de baixa especificidade com altos volumes de transicção, como a educação ou o direito.
Não há nenhum sistema legal no mundo que possa ser "reparado" por dez tecnocratas, por mais brilhantes que sejam." p. 94

Fukuyama


E não há sistema de educação nenhum do mundo que seja "reparado" por dez tecnocrtas por mais brilhantes que eles sejam. Acrescento eu. O que é preciso? Pessoas que ao invés de só saberem analisar números, saibam que realidade estão a querer transformar, e cativar os agentes responsáveis por operarem essa transformação a compreenderem a necessidade, e a pertinência, se a houver, dessas reformas. Talvez os interesses desses agentes se confunda com os interesses públicos e não sejam exclusivamente egoístas. Há que conhecer a realidade. Estar envolvido nela e não se pôr a ditar regulamentos ancrónicos que só irão saturar a acção livre ensino-aprendizagem com mecanismos de controlo absolutamente burocratizados, inúteis e irrelevantes para as avaliações do sistema.

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