“(…) Muitos europeus afirmam que são eles, e não os americanos, os verdadeiros defensores dos valores liberais universais, porque acreditam nesses valores independentemente da sua concretização em Estados-nação democráticos realmente existentes. As decisões tomadas por democracias liberais soberanas podem ser correctas nos seus processos sem que isso conceda a garantia de que são justas ou estão de acordo com esses princípios superiores. As maiorias democráticas podem decidir fazer coisas terríveis a outros países e podem violar os direitos humanos e as normas de decência nas quais se baseia a sua própria ordem democrática. Na verdade, os debates Lincoln-Douglas versaram precisamente sobre esta questão. Douglas afirmava ser-lhe indiferente se o voto popular era a favor ou contra a escravatura, desde que a decisão reflectisse a vontade do povo. Lincoln, pelo contrário, considerou que a escravatura viola em si mesma o princípio superior da igualdade humana no qual se baseia o regime americano. A legitimidade das acções de uma democracia não se funda, afinal, na correcção de procedimentos democráticos, mas sim nos direitos e normas prévios, provenientes de um domínio moral superior ao da ordem legal.”p. 122
A legitimidade das acções de uma democracia não se funda só, afinal, na correcção de procedimentos democráticos, mas sim nos direitos e normas prévios, provenientes de um domínio moral superior ao da ordem legal. Acrescento eu.
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