segunda-feira, novembro 27, 2006

Deambulações

No caminho para a Gulbenkian, o programa consistia em ir ver a exposição de Amadeo Sousa Cardoso e na volta passar pela feira do livro que eles estão a organizar, ficámos a saber que Mário Cesariny tinha morrido. Foi pelo facto de na rádio se estar a falar nele utilizando verbos no passado. Sem que nenhum de nós tivesse uma especial ligação afectiva, estética ou intelectual com o Cezariny autor, ficámos contristados.

Na Gulbenkian extasiamo-nos com a escultura em livros que o CAM expõe no seu Hall. É uma experiência verdadeiramente incrível passarmos no meio dos livros que, reflectidos num espelho, se multiplicam por milhares num poço a que não se vê o fundo. Borges, Escher, o poço da Quinta da Regaleira e espaço de diversões num só lugar. Fabuloso.

A exposição foi vista no meio de centenas de visitantes com uma criança a perguntar quantos quadros faltavam ver para irmos embora. Pouco cómodo, mas ainda assim a proporcionar vislumbres de uma obra de excepção.

À noite, saltitando entre a entrevista à Ministra da Educação e à que era feita a Nogueira Pinto, acabei por ficar a ouvir a última, porque o tom monocórdico, a ausência de um projecto educativo com conteúdo e que eu considere relevante acabou por me fazer desinteressar de todo de ouvir a primeira. E, pelo contrário, o modo, o tom e o conteúdo do que anunciava a segunda me seduziu. Defendeu-se com a apresentação de prova feita. É assim mesmo, as mulheres têm uma tendência social de evitarem a auto-promoção. Ficam sempre a perder na vida pública por isso.

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