“Essa data foi a noite de 14 de Julho de 1789, em Paris, quando Luís XVI soube, pelo Duque de La Rochefoucauld-Liancourt, da tomada da Bastilha, da fuga de alguns prisioneiros e da derrota das tropas reais frente a um ataque popular. O famoso diálogo que se travou entre o rei e o seu mensageiro foi muito breve e revelador. O rei, segundo se conta, exclamou: “c`est une revolte.” E Liancourt corrigiu-o, dizendo: “Non, Sire, c`est une révolution.” Ouvimos ainda aqui esta palavra, e politicamente pela última vez, no sentido da velha metáfora que vai buscar o seu significado dos céus para a terra; mas aqui, talvez pela primeira vez, a acentuação tinha mudado inteiramente da regularidade de um movimento rotativo e cíclico para a sua irresistibilidade. O movimento é visto ainda à imagem dos movimentos das estrelas, mas agora o que se realça é que não está na mão dos homens impedi-lo, e que portanto, tem uma lei própria.”pp.55 e 56
“(…) Na verdade, a forte corrente da revolução, segundo as palavras de Robespierre, era constantemente acelerada pelos “crimes da tirania”, por um lado e, por outro, pelo “progresso da liberdade”, que inevitavelmente se provocavam um ao outro, de modo que movimento e contramovimento não se equilibravam nem se restringiam ou prendiam um ao outro mas, de uma forma misteriosa, pareciam juntar-se a uma corrente de “violência progressiva” correndo na mesma direcção com uma rapidez sempre crescente.” p. 57.
"Enquanto dantes, isto é, nos dias felizes do Iluminismo, apenas o poder despótico do monarca parecia estar entre o homem e a sua liberdade de acção, uma força muito mais poderosa crescera subitamente, compelindo os homens a seu bel-prazer, força da qual não havia libertação possível, rebelião ou fuga: a força da história e da necessidade histórica.” p.61
Sem comentários:
Enviar um comentário