domingo, dezembro 10, 2006

Pinochet. Com que paz vão os vivos ficar?


Ponho-me a imaginar aqueles pais que têm ainda os seus filhos dados como desaparecidos no Chile. E os filhos que foram afastados dos seus pais e que nunca mais souberam como os encontrarem. Nos amantes e nos amigos que não sabem da pessoa amada que um dia foi levada e nunca mais deu sinal de si. E penso, com horror, que ver morrer este homem deve ser como ver morrer um carcereiro que leva consigo a chave que permitia a hipótese, frágil e remota, mas ainda assim uma hipótese de entreabrir a porta do conhecimento que desse para um lugar onde se descobrisse o corpo da pessoa procurada. Agora que o ditador morreu, que conciliação interior se encontrará no não saber cada vez mais espesso que paira sobre esses lugares onde se encontra o ausente? Quem conseguirá dormir em paz?

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