quarta-feira, dezembro 20, 2006

utopia 2

"Se os oásis utópicos se secarem, surgirá como substituição um deserto de banalidade e de perplexidade. Eu não saio da minha tese segundo a qual o facto da modernidade dever encontrar nela mesma as suas próprias garantias é estimulado, hoje como ontem, por uma consciência da actualidade na qual se confundem pensamento histórico e pensamento utópico.”
Jürgen Habermas, Écrits Politiques, p. 124.

Ao tomar-se consciência dessa intercessão entre o pensamento histórico e o pensamento utópico, estaremos salvaguardados das tentações messiânicas em política? Se Habermas reconhece que sem energias utópicas a consciência da história embrutece pela banalidade, quando não se imola no estado de permanente perplexidade perante o real a que não sabe dar sentido, saberá também o autor onde se encontra o ponto de equilíbrio entre o que são as possibilidades de um tempo futuro e a estrutura do nosso tempo?

Eu julgo que sim, que ele sabe. Mas afirmá-lo é-me fácil de mais. Demasiado interessada na defesa das suas teses, portanto. Daqui a uns tempos terei que aqui voltar.


Mais novecentas escolas primárias vão fechar. Os pragmáticos perguntam-me: Mas achas racional elas continuarem a funcionar com tão pouco alunos? Eu respondo-lhes que não, realmente, se queremos um país entendido como plataforma de turismo, até podemos vir cá só no fim do mês para vir buscar as rendas das casas que alugámos a turistas sazonais, e ir viver para outro lugar qualquer. Geralmente estes pragmáticos de aldeias só conhecem as do pai Natal.

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