Depois de duas horas a ouvir discutir sobre a importância das proteínas vegetais na estabilização do vinho por contraposição às habituais proteínas de origem animal usadas pela produção, e respectivas fórmulas químicas implicadas, discussão hermética para não iniciados, como era o meu caso, eis senão quando interveio um elemento do júri de doutoramento daquelas provas a que eu assistia. Júri de nacionalidade inglesa. Admirou-se com a extensão da tese (muito gosta a academia portuguesa de teses ao quilo), elogiou a capacidade de trabalho da candidata e depois perguntou-lhe:”Sabe que em Inglaterra um doutoramento representa aquilo a que se chama obter um grau em Filosofia. É assim que eu o entendo. Pressupõe-se por isso que o trabalho científico apresente uma filosofia nova, uma ideia que contribua para o avanço teórico na área. Diga-me pois, qual é a filosofia deste trabalho?” Silêncio expressivo naquele auditório de uma universidade técnica de Lisboa: “Filo…quê?!”
A minha amiga Helena prestou ontem as suas provas de doutoramento em engenharia agro-industrial. Unanimemente aprovada pelo júri e saudada por todos nós.
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