terça-feira, janeiro 30, 2007

Um povo e a liberdade

Ouve-se por aí mas sem se saber realmente (ao modo sussurrado do “diz que diz-se” do Estado Novo) que Salazar será a figura mais votada pelos portugueses no concurso televisivo, e evocam-se já explicações culturais, psicológicas e sociais para justificar essa tomada de posição de um povo que dizem retrógrado e sem consciência de liberdade, do seu valor e da necessidade da preservação deste valor em sociedade. Eu então recordo uma revolução democrática em 1974 por oposição a um concurso de televisão, recordo eleições disputadas e votadas com respeito e sentido de participação desde então, por oposição a votos em SMS, recordo um povo que num comício na fonte luminosa soube estar ao lado dos que disseram um basta à possibilidade de desvarios totalitários. E recordo que em 1928 o número dos que acompanharam os restos mortais de Sebastião Magalhães Lima, um dos meus grandes portugueses, assombrou todos os presentes ao ponto de vinte anos depois esse facto ser recordado como um acontecimento popular de dimensões nunca vistas, no apoio a um lutador pela liberdade e pela democracia, mesmo sob a ditadura de João Franco. Em França estaria no Panteão para dar corpo à memória e ao símbolo liberdade. Mas não faz mal, cá está na memória dos que o recordam e lembram como um lutador pela liberdade.

Sebastião Magalhães Lima fundou em 1922 a Liga Portuguesa dos Direitos Humanos

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