sexta-feira, março 02, 2007

A minha prima Salomé, que é a pessoa mais informada sobre política nacional de todas as que conheço, telefonou-me a perguntar o que pensava eu da declaração de Paulo Portas a anunciar a sua candidatura. Não pensava nada porque não a tinha ouvido. Só consegui dizer-lhe: "Mas porque carga de água é que uma das pessoas intelectualmente mais estimulantes de entre as figuras públicas, e que escreve exemplarmente bem, com artigos do que há de melhor, como comprovam as suas crónicas sobre cinema no jornal "Sol", e dando o desconto de uma certa queda para uma ou outra politiquice, para a qual não tenho paciência, quer afinal ser político profissional à força? Que sensaboria." Declaração mais antidemocrática que é esta minha.

2 comentários:

Anónimo disse...

"Aquela ideia que temos da esperança nas crianças, nos meninos e nas meninas pequenas, a ideia de que são seres aparentemente maravilhosos, de olhares puros, relativamente a essa ideia eu digo: pois sim, é tudo muito bonito, são de facto muito simpáticos, são adoráveis, mas deixemos que cresçam para sabermos quem realmente são. E quando crescem, sabemos que infelizmente muitas dessas inocentes crianças vão modificar-se. E por culpa de quê? É a sociedade a única responsável? Há questões de ordem hereditária? O que é que se passa dentro da cabeça das pessoas para serem uma coisa e passarem a ser outra?"
-José Saramago, in 'Diálogos com José Saramago'

E os homens, porque será que gostam tanto de uma boa questão existencial, mesmo que seja só para terem que se ouvir? Ou será que o microfone e o holofote são elementos essenciais à sua existência? E nós... que ficamos ansiosamente expectantes...suspensos pela heroicidade de tamanho acto, "dejá vu", esperando que seja desta que, o nevoeiro se desvanesça, de vez, lá para os lados de Ceuta e, que el-rei triunfante, surja do ontem para dar, finalmente, ânimo às nossas tristes vidas!

Isabel Salema Morgado disse...

Excelente questão. E será bom que as pessoas, sabendo o que querem e definindo princípios, não se julguem os prometidos.

Obrigada Teresa por explorares e melhorares os meus textos.