domingo, março 25, 2007

Pensei muito se devia ou não escrever sobre isto. Mas decidi que o acto de mitomania do Primeiro-ministro afecta todos os portugueses de uma forma mais profunda do que a que tem estado a ser compreendida pelos críticos à publicação da notícia sobre a legalidade da licenciatura do Primeiro-ministro. Notícia que, aliás, já tinha sido publicada num diário económico de grande referência. Não me parece que alguém leia a notícia e pense “Olha, afinal o homem nem engenheiro é!”. Isso seria o menos, e seria irrelevante, porque o valor das pessoas não advirá directamente das licenciaturas que conseguirem ou não fazer, mas advirá da capacidade de trabalho e de esforço, da verdade e da legalidade que enformar as suas acções na vida.
Não nos envergonhava ter um ministro não licenciado, mas envergonha-nos ter um ministro que não tem vergonha na cara e diz de si o que a sociedade o quer ouvir dizer: é tudo uma questão de poder e de saber utilizá-lo. Isso é viver para a aparência, é ser falso, é criar uma ideia de si que não corresponde senão a um simulacro, e é, do ponto de vista da referência de si como modelo social, um mau sinal. Mas porque é que eu me admiro tanto se é isso mesmo que está a acontecer na Educação, com a manipulação da imagem dos professores e do número repentino de sucesso nos alunos? É tudo uma questão de “conhecimentos”. Digam lá quantos diplomas do secundário vão ser entregues, nem que seja à força, para cumprir os números?

2 comentários:

Anónimo disse...

A mim, parece-me que a verdadeira questão é saber se o primeiro ministro mentiu ou não quanto ao seu grau académico.
Porque se mentiu, isso sim é grave.
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Isabel Salema Morgado disse...

E deixa de ser irrelevante o processo que decorreu da obtenção do grau de licenciado?

isabel morgado