Se eu repetir muito uma coisa ela tornar-se-á verdade? Alguns jornalistas acreditam que sim. Os políticos, deslumbrados, julgam quase todos que é essa a técnica discursiva a adoptar como forma de convencer outrém dos seus propósitos. Mas não é, porque a linguagem cria realidade, é verdade, mas paralela à realidade ela mesma, não a substitui. Bom, ou pelo menos não durante muito tempo. Que isto do tempo ser muito ou pouco também é relativo. Na vida de uma pessoa, um ano, por exemplo, um ano a viver dominado por uma linguagem que rouba a realidade, é muito tempo, e setenta anos, então, pode representar a alienação de várias gerações, ainda que na história da humanidade esse período não seja quase nada, e na história do universo, então...
Para fazer situar os discursos políticos é preciso pois prendê-los ao presente, à ideia de "nós contamos e as vossas opções fazem diferença na nossa vida". Mas isso é particularmente difícil sendo que os discursos e as acções dos políticos pretendem captar a nossa atenção no presente e influenciar a nossa existência no futuro.
Eu espero que o meu presente se estenda mais pelo futuro para poder falar dele. É por isso que nada me cabe dizer sobre os candidatos à presidência da Câmara de Lisboa. Ainda não sei o que vão defender. E simpatias pessoais, que as tenho, essas só me vão levar à sede de candidatura de Helena Roseta para entregar a minha declaração de propositura da sua candidatura. E depois, depois aguardar pela acção e pelo discurso dos candidatos em campanha.
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