O Zimbabwe foi escolhido para presidir Comissão das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (CSD). É algo difícil de aceitar. Mas numa democracia há muitas coisas difíceis de aceitar. Faz parte deste sistema vivermos pacificamente com decisões que não aceitamos e que procuramos, num quadro legal, fazer alterar. E a verdade é que a decisão assentou num escrutínio democrático, de eleição, ainda que nos possamos espantar com o grau de incompetência das chancelarias africanas na avaliação do tenebroso regime de Mugabe. Mas também, se repararmos bem, que sentido crítico ou auto-crítico há nas chancelarias, nos governos, ou nas instituições africanas em geral? É preciso pois continuar o trabalho de denúncia e crítica dos actos de Mugabe, é preciso continuar a chamar a atenção para o deplorável estado social e económico do povo do Zimbabwe, mas também é preciso não atacar a pertinência e o trabalho no seu todo de uma organização como as Nações Unidas, atitude que vejo ser prática recorrente nos comentadores sempre que há uma comissão que elege nações pouco respeitadoras das liberdades e garantias dos seus cidadãos. A ONU sobreviveu a muitos golpes, felizmente para o mundo.
Ainda não há muito tempo, em 2003, preconizava-se a queda do Carmo e da Trindade, por causa da eleição da Líbia, essa nação “campeã” na defesa dos direitos humanos, para presidir o destino da famigerada Comissão dos Direitos Humanos. O que aconteceu? Poucos anos depois procedeu-se à Mudança da organização em causa. O que está mal muda-se. É claro que a ONU precisa de reestruturação em algumas áreas, mas não pode ser erradicada ou enfraquecida nos seus poderes. Ela é uma instituição que representa uma vantagem civilizacional nas relações inter povos. Dizer o contrário em nada ajudará a aperfeiçoá-la.
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