quarta-feira, maio 30, 2007

Aliados da América precisam-se. Objectivo: Darfur

Para a resolução do problema em Darfur a inevitável acção de proceder a sanções contra o Sudão pelos EUA não pode assentar num procedimento unilateral. Eu gostaria muito de ver uma cimeira nos Açores com um primeiro-ministro português a pôr-se ao lado de um presidente americano na procura comum de uma resolução para esta situação no Darfur. Consciente, porém, que todas as sanções afectam primeiro os civis, às vezes de forma demasiado violenta. E ainda assim:

"Dear President Bush,

While President al-Bashir continues to ignore diplomatic efforts to pressure him to end the genocide, as many as 400,000 Darfurians have already lost their lives and over 2.5 million have been displaced.
Though it was long delayed, your May 29th announcement of implementing Plan B sanctions was an encouraging step for the people of Darfur. As you recognized, however, this package of unilateral U.S. sanctions will not be enough to change Khartoum's behavior if it is not matched by a robust package of equally tough multilateral sanctions.
I therefore urge you to make the adoption of matching international sanctions a top priority, beginning with strong U.S. leadership at the UN Security Council.
With Secretary Rice, your administration should redouble diplomatic efforts to take full advantage of any room for progress that these sanctions may create. In addition, the administration should engage U.S. allies to ensure the passage of a UN Security Council resolution that includes:
- Tough sanctions against a full list of individuals complicit in the genocide; - An expansion of the Darfur arms embargo to include the Sudanese regime in Khartoum; - The authorization of a no-fly zone over Darfur, with specific enforcement mechanisms; and - International economic sanctions mirroring those just announced by the United States. Thank you for your continued concern for this genocide and your commitment to act to end it."
Sincerely,
Isabel salema morgado
...
Estes americanos da organização Save Darfur são de uma competência operacional sem reservas. Excepcionalmente profissionais. A nossa participação cívica tem o esforço de um toque no sinal de envio de mensagem. Facilitam de tal maneira o trabalho que é quase obsceno ficar indiferente às suas propostas de intervenção cívica. Mas repare-se na lista de organizações que fazem parte desta instituição (aqui) e atente-se na proveniência institucional dos nomes que dirigem as acções (aqui). Amadorismo só se for pela causa, que a defesa e o uso dos métodos é muito profissional.
A China considera que o melhor é continuar a investir no Sudão, como ela tem vindo a fazer, para criar melhores condições de vida e pressionar o governo. Mas, na verdade, esta ideia, surpreendentemente liberal vinda de um país muito pouco preocupado com a participação cívica dos seus próprios cidadãos, é de uma grande ingenuidade. O capital chinês serve para financiar as milícias que atacam no sul do Sudão, no Darfur. Leia-se a este propósito o blogue Coalition for Darfur.
No outro dia, no âmbito das propostas da organização Save Darfur, foi-me solicitado que enviasse uma carta a uma empresa que operava no Sudão, de capitais maioritariamente chineses, com o intuito de avisá-la sobre a "minha" indignação pelo tipo de apoio que ela, indirectamente, estaria a dar ao governo sudanês. Passados uns dias recebo um e-mail dessa empresa a justificar a sua acção e o seu tipo de intervenção, e a propor-me, ao mesmo tempo, um trabalho na sua corporação. Ri-me e pensei: "Estes não andam a dormir na parada. Isto é que é trabalho de Relações Públicas". Poucos dias depois soube que essa empresa tinha ponderado na natureza da sua relação com o governo de Cartum e feito um acto de contrição público. O dinheiro os obrigou.
É claro que este esforço de condicionamento no investimento de capitais pode realmente ter efeitos nefastos sobre a população. Não o ignoro. Mas também não me parece um argumento definitivo no que a uma suspensão em definitivo deste tipo de acção de defesa contra governos que fazem apelo ou apoiam acções de genocídio.

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