sexta-feira, julho 06, 2007

Uma campanha se faz favor. E, já agora, alguém explica onde foi parar a feira popular?

Leio na revista Visão (a mesma que me põe “o coração num pingo” só com os artigos de João Lobo Antunes) que António Costa afirma que parece que nem está a decorrer uma campanha em Lisboa por Lisboa, tal a ausência de notícias na imprensa, de comentários, de opiniões a respeito do acontecimento político. A haver uma desconcentração, será pela existência de outros temas de interesse a ocorrerem simultaneamente. Eu tenho-a, a essa desconcentração. Comparativamente às últimas eleições autárquicas tenho acompanhado muito menos o que andam a fazer ou dizer os actuais candidatos. Talvez por causa do governo, ou da Europa, ou da situação no Darfur, na Palestina, em Inglaterra ou na Rússia. Talvez. Mas conheço muito bem os últimos episódios de “Casos Arquivados”. Posso comentá-los.
Cada pedaço de povo tem o seu ópio.

Qualquer policial me deixa embasbacada a olhar para o televisor, mas “Casos arquivados” tem o mérito de trazer um argumento em que é permitido redimir as injustiças passadas que passaram impunes aos olhos menos argutos ou menos competentes dos investigadores de então. O paraíso dos que pensam que a justiça tarda mas não falha. Pois, é assim uma espécie de história de fadas para adultos.

Nem sei se na polícia “real” existem brigadas com esta função, mas é para mim terapêutico que exista uma ficção em que a polícia faça o seu trabalho de investigação e descoberta da verdade, e, ao mesmo tempo, contribua para repor um certo equilíbrio existencial no universo social e pessoal de cada um dos que viu a sua vida ser alterada por um crime, no passado, que não larga os sobrevivente no presente. O apaziguamento com os acontecimentos e as pessoas envolvidas, e, sobretudo, a ideia de alguém continuar a interessar-se nos casos apesar do tempo passado, dá uma boa estrutura narrativa à série. Também dava uma boa estrutura social.

Os cartazes de Helena Roseta custaram a chegar. Uma amiga comentava comigo num jantar há oito dias que quase não via cartazes da candidata na rua. Falta de dinheiro, sentenciei eu sem saber nada sobre o assunto. Mas agora já se vêm mais cartazes da candidata.

Há uma semana tive a oportunidade de ouvir a excelente pessoa e professora Paula do Espírito Santo a falar sobre os cartazes políticos e, em especial, dos cartazes da última eleição presidencial francesa. Retive duas ideias fundamentais: os cartazes não são por si só sinal de uma boa campanha, ou elementos dos quais não se possa vir a prescindir, mas uma campanha sem cartazes é como um texto sem notas de rodapé, nota-se quando faltam; e os melhores cartazes (do ponto de vista estético e do ponto de vista de uma boa comunicação politica) não pertencem geralmente aos candidatos ganhadores.

Em Entrecampos perfilam-se uns cartazes de campanha autárquica que, aprendi, são todos muito clássicos e previsíveis. Nas poses, nas cores, nos slogans, nos elementos gráficos. Há também um cartaz político mas que não pertence a nenhum candidato mas sim à marca de cerveja Super Bock. Ao lado do cartaz de Fernando Negrão, utilizando a mesma cor de fundo, a marca tem três garrafas e o seguinte slogan: “Perfeito perfeito era explicarem onde foi parar a feira popular.”



E agora obrigo-me a mim mesma a pôr aqui os endereços dos outros candidatos, numa ordem aleatória. A bem da equidade.
Ainda um dia destes vou comentar, sem rigor académico, os respectivos sites de candidatura.

José Sá Fernandes
Manuel Monteiro
Ruben de Carvalho
Telmo Correia
Carmona Rodrigues
Garcia Pereira
Pedro Quartim Graça
Gonçalo da Câmara Pereira
José Pinto Coelho

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