segunda-feira, outubro 01, 2007

"Sê louco comigo quando eu estiver louco e sábio quando eu estiver sábio"

Às vezes penso na lógica dos defensores dos conflitos por via armada, nos partidários da guerra, que ficam tão perturbados quando os seus correligionários entram na política disputando o poder com as mais baixas das armas discursivas utilizáveis, como se nunca tivessem pensado no fenómeno da traição, como se não conhecessem o impulso para a destruição e queda que o seu discurso sobre a defesa da guerra como estratégia de resolução de conflitos faz pressupor.

Péricles, o imprevidente, ainda que sábio estadista, o desesperado amante de Aspásia, ainda que racional dirigente político, foi sucessivamente traído, e sucessivamente o cidadão acreditou na sua cidade e nas suas leis. Os senhores da guerra que lhe sucederam roubaram o esplendor do governo de Péricles e preparam-na, com o princípio do fim da sua glória, para ser dominada. Mas o sistema político iria ser lapidado e renasceria pedindo sabedoria quando a sabedoria é necessária e soltando, preferencialmente em comunhão, a sua loucura quando esta irrompe, como pedia a canção grega.

Sem comentários: