Estava a ser uma noite particularmente difícil de trabalho, e o que ia acontecer a seguir não a iria fazer melhorar. Uma colega debruça-se sobre a minha mesa e começa a aporrinhar-me o juízo, ao contar-me, pela enésima vez, os seus problemas. Habitualmente com um espírito tipo cãozinho que abana a cauda, e ainda se rebola e põe as patitas no ar, naquele dia só me apetecia plastificar. Tinha aberto, por desenfado, um exemplar já antigo do "Jornal de Letras" que estava por ali à mão. A colega não se calava. E eu ia dizendo que sim a não sei o quê, semi-petrificada, enquanto os meus olhos liam e reliam a seguinte informação sobre um livro que se anunciava: O Regresso da Barbárie de Thérèse Delpech. Olhos deseducados.
Hoje pensei, quando ia a passar numa rua: se vagar um lugar de estacionamento em frente daquela livraria que ali está, vou lá dentro comprar o livro de Delpech. Fui lá dentro comprar o livro O Regresso da Barbárie. Detesto o título. Menos mau no original L`Ensauvagement.
Hoje pensei, quando ia a passar numa rua: se vagar um lugar de estacionamento em frente daquela livraria que ali está, vou lá dentro comprar o livro de Delpech. Fui lá dentro comprar o livro O Regresso da Barbárie. Detesto o título. Menos mau no original L`Ensauvagement.
Se a autora não me convencer da pertinência em falar-se do regresso de uma realidade que eu julgo aliás que nunca nos deixou, então é que aquela noite entra para a estatística do tempo em que terá que haver uma excepção à lei do eterno retorno.
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