De uma forma empática, ainda que prudente, as palavras do presidente turco Abdullah Gul, que se puderam ouvir na entrevista concedida ao programa "Sociedade das Nações", denotam sobretudo uma vontade: a de esclarecer o que ele entende que se passa realmente na Turquia, afirmando que as crises decorrem de um natural e continuado processo de democratização aplicado numa mais profunda extensão das relações sociais, contra a ideia divulgada no Ocidente de uma queda numa deriva mais nacionalista e fundamentada por um activismo religioso.
Sereno, claro, e sem grandes subterfúgios, o presidente falou da crise curda, que pretende colar à ideia de uma luta contra o terrorismo e não contra o povo curdo, falou também das relações com o Irão, Israel, Rússia, E.U.A e UE. Deu-nos a ideia que a Turquia quer tornar-se o fiel depositário das esperanças de um novo entendimento político entre os países da região e também entre a Ásia, o Médio Oriente e o resto do mundo.
Interessante foi também o facto de ele reconhecer que algo de novo politicamente está a acontecer na Turquia que os intelectuais seguem de perto, pondo a constituição turca como garante da laicização dos partidos. Bonito, e talvez a porta de saída política para muitos países muçulmanos à procura de uma democracia. A seguir.
O presidente falou para a UE através da televisão do país que tem a presidência do conselho europeu. Convenientemente distanciado da paixão acerca da discussão acerca da inclusão da Turquia na UE, declaradamente defensor da ideia de uma comunidade de pertença de valores comuns entre o povo turco e as populações ocidentais. Esta ideia é fundamental em qualquer discussão política acerca da integração.
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