sexta-feira, abril 11, 2008

"Há sempre um amanhã". De facto, mas... isso é suficiente para explicar os erros que se cometam no presente? Não me parece. 1

Não fora ser mãe de um filho e não poder dar-me ao luxo de permanecer no lugar incerto da descrença e da desconfiança na criatura e na forma como a criatura lida com as suas obrigações políticas, não fora ser professora e não poder baixar os braços na tarefa da minha condução pelo saber e pela crítica aos valores que não admito submeter à vontade de ninguém, não fora as árvores que todos os anos à frente da minha janela caducam para logo depois se folharem, como se de uma primeira vez se tratasse, e haveria dias que eu deixaria absolutamente de querer ou poder acreditar no que quer que fora, e olharia o mundo da forma mais cínica que os cínicos inventaram, ou iria para um deserto fazer companhia a outros eremitas. Não fora.

Mas eis o olhar a brilhar de inteligência e de entusiasmo do pequeno, as perguntas e as dúvidas de alunos que através de mim buscam algumas respostas, e há milhares de folhas que em poucos dias cobrem os velhos ramos que se estendem no espaço. E sabemos que é tempo de continuar ou de regressar à “tal” posição original, de defender sem enfraquecer os valores da liberdade, da igualdade de oportunidades e da diferença como equidade, como demandou Rawls pela sociedade justa, ou da procura de argumentos válidos universalmente em exercício de trabalho em comunidade assente em critérios reguladores comunicacionais, como diria o bem amado Apel, seguido por Habermas. E então não se deixa de acreditar, pois nem a violência, a doença, a velhice ou a morte, é o fim, nem a mentira, a maldade ou manipulação dos corpos e da mente, o há-de ser.

Naquele tempo, a futura sinóloga e escritora emprestava-me os seus livros. Ler Pearl Buck então foi conhecer uma escrita ao rés da terra, sobretudo da terra chinesa, mas não só.
Recordo o livro “Há sempre um amanhã”, passado na América. As pessoas e as suas lutas contra os grilhões.

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