Não é que não tenha assunto, ou vontade de desenvolver um ou outro tema que me anda a importunar, mas não consigo. Nem é o excesso de leituras ou de compromissos profissionais, parece-me que é mais algo parecido com o sentimento de Sísifo quando está a descer a montanha, qualquer coisa entre a impotência e a lucidez sobre a causa dessa impotência.
Ou era aquela referência mitológica ou era a palavra "malhadiço" que eu podia escolher para exemplificar esta apatia. É uma palavra que descreve o governo e o povo que é governado deste país. Estamos todos a ficar malhadiços. Um malhadiço com outro se paga.
2 comentários:
Olá
Parece-me que esse encolher de ombros... esse alheamento se está a generalizar de forma assustadora e não há estrondo que faça estremecer a multidão inerte! Pasmo! O cansaço mental transforma-se em cansaço físico... progressivamente... não me apetece mexer um dedo! Tudo me cansa! Os absurdos das ideias dos governantes já nem a surpresa me suscitam... muito menos o grito de indignação...
A última da cisão entre o 1º ciclo e o 2º ciclo com o argumento de não traumatizar as crianças... faz-me pensar que estou num filme... que se pode comprometer o futuro deste país de forma decisiva... não pelo conceito em si de um ciclo de 6 anos... mas pelos argumentos de defesa de tal ideia!
E pelo modo como esta equipa costuma implementar as suas ideias... avizinha-se mais um atabalhoar do ensino. E começo a estar de tal modo assustada que nem me consigo mexer...
Não me admira que qualquer dia comecem a dar uns medicamentos às futuras mães que lhe prolonguem a gravidez mais uns tempos...e hão-de convencê-las de que isso é bom para o bebé e elas vão acreditar e aplaudir...
É que se pensarmos bem...porque raio é que as crianças só têm de estar 9 meses na barriga da mãe? Tão pequeninas ainda e a nascer assim... Que trauma!
E depois... quando estiverem no Jardim de Infância... outro trauma... habituadas a passar o dia a brincar nos cantinhos das bonecas, das garagens... a sentarem-se no chão... e ir para o 1º ciclo! Mais outro trauma! Irem para o 1º ano e passar o dia sentadas! Isso tem lá jeito! Já escrevia um ex ministro um livro com o titulo: "O difícil é sentá-los!" Ah pois... o melhor era ficarem mais uns tempos no JI... a ver se se habituavam, naturalmente, sem pressas... a estarem sentados...
E ainda há a história da chucha... muitos são os que a trazem com 6 anos no 1º dia de aulas no bolso das calças... "para no intervalo matarem saudades"_dizem algumas mães. "Que não pode ser"_diz a professora... Isso de modo algum! Então essas mães vêm à hora do recreio de chucha na mala... e pelas grades às escondidas lá dão aos seus pequeninos esse prazer proibido na sala de aula! Até que um colega vê e espalha a noticia escandalosa qual rastilho de bomba! E aí... coitadinha da criança... lá guarda esses vícios para a noite...
Não fora a escola e os colegas maldosos e a chucha iria sabe-se lá até quando...e porque não?
Porque isto de as crianças crescerem... é um trauma! O melhor é serem sempre bebezinhos...
Parece-me que esta medida tem muito que se lhe diga!
E eu estou mesmo inerte! Já não tenho pachorra... será que anda tudo doido... ou a doida sou eu?
Teresa,
esse assunto também me deixou apopléctica, e em tudo sigo o teu raciocínio. Não que de facto não nos tivessem preparado para essa ideia de cisão do segundo ciclo há mais de uma ano, porque já então fora avançada essa notícia; ou que a educação, como processo de socialização, não possa sofrer, e não tenha sofrido ao longo dos séculos, variações culturais e institucionais que mudam conforme a ideologia ou os interesses do presente, mas a forma insidiosa com que este ministério tem laborado é deveras preocupante. As manipulações da realidade presente feitas em nome de uma realidade futura que em tudo terá um amanhã radioso só me lembram a propaganda dos totalitarismos. Eu sei que é exagero, mas não consigo deixar de pensar em planos quinquenais para a educação à semelhança de outros malogrados planos para outras actividades na história!
E reparaste como usam os meios de comunicação para testar reacções e condicionar as acções? A menoridade do indivíduo em nome do défice de mercado que é o nosso, totalmente.
Sabes Teresa, que palavras de consolo haverá?
um abraço,
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