quarta-feira, agosto 27, 2008

A ferida 3

Por mais que leia sobre o assunto não consigo desenvolver uma opinião sobre o que se passa no Cáucaso, aliás a única referência que tinha deste nome remete-me para as aulas de cultura clássica, tendo-me deixado isso um maior conhecimento do registo mitológico e um grau menor acerca da realidade presente que envolve a geórgia de que nada sei.
O que poderei dizer além do discurso de cartilha e que assenta na defesa dos princípios das regras da Carta das Nações Unidas? Só posso repetir o mesmo de cada vez que surgem conflitos, pois não conheço outra forma de unificar a acção mundial em prol de atitudes de não agressão.

Na realidade, a permissividade relativamente ao mau uso que se faz desses princípios deixa-nos mais desamparados perante a adversidade sob a forma de interesses nacionais em expansão. Isto diz respeito a qualquer nação com instintos imperiais, e a Rússia tem uma longa história de interesses a defender, e de vontade de mostrar a força da sua nação. Pessoa conhecida contava-me como em conversas com um cônsul russo numa nação estrangeira se apercebeu dos ânimos nacionalistas exacerbados, e de um discurso ultranacionalista a varrer a nação, com os mais jovens a integrarem o processo. Vontade que o seu nome conte no mundo, sob qualquer pretexto.

O pupilo Törless recusa-se a compreender o sentimento da condescendência para com as faltas morais. Ele intuiu que a permanência de um acto que constitua matéria de punição no círculo habitual da vida, como se fora uma faceta mais da existência, abria a porta não para a excepção do acto em si, mas para a manipulação da vida como ela era dita dever ser. E a passagem entre o "mundo claro" do quotidiano e esse mundo "obscuro, ardente, de paixões, despido, aniquilador." era do mais fino papel de arroz, e coexistia como possibilidade sempre presente em cada acontecimento. p. 92

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