sábado, dezembro 13, 2008

Não a uma maioria absoluta ou como a inteligência do indivíduo

homenageia a inteligência do seu povo. E isto porque eu ouvi, como o melhor comentário às recentes sondagens que fizeram um brilhozinho nos olhos a muita gente (e não era de alegria!), o próprio autor das sondagens afirmar que os portugueses quando perguntados individualmente se querem ser governados por maiorias absolutas respondem maioritariamente que não. Ora então, os portugueses sabem que as maiorias absolutas só interessam a políticos com interesses absolutos, não necessariamente os interesses dos seus eleitores e do público, que não gostam do trabalho difícil e desgastador, mas inerente ao processo democrático, da discussão pública, e que a maioria absoluta afecta absolutamente algumas almas lusas até à idiotia da concepção do exercício do poder.
É só pena que a inteligência individual não permita a comunicação universal de resultados estatísticos para assinalar quando um eleitor, paradoxalmente, para cumprir a sua vontade de não dar a maioria absoluta a nenhum partido, se devia abster de acrescentar o seu voto ao voto maioritário tendencialmente absoluto.
Aqui está como opinião pública, não materializada, e acto eleitoral, em exercício individual e sem possibilidade de se fazer um acrescento do tipo "declaração de voto", não coincidem.
A democracia formalmente contaria como nulo se eu acrescentasse uma nota no meu boletim de voto: caso o meu voto contribua para que o partido x, ou movimento, em que votei, fique com a maioria absoluta, declaro que quero que ele impluda em 3, 2, 1, 0 segundos.
Atentamente, a eleitora nº yz.


E por falar em governantes que se entendem iluminados, vou deixar aqui alguns excertos de textos sobre a política da actual "Educação" a que dou o meu total acordo.

in Almocreve das Petas

EDUCAÇÃO: dias amargos, gente inútil (I Parte)

"(...) A literatura sobre o tema "avaliação de desempenho dos professores" não permite argumentar positivamente o construído actual do modelo de Lurdes Rodrigues & João Freire. Muito pelo contrário, conforme os vários conflitos organizacionais patentes e que dia-a-dia ocorrem e teimam em desocultar. Mesmo o arrazoado conceito teórico de "profissão e profissionalidade docente" aplicado (uma justificação constante para a miséria do modelo) não permite inferir qual o perfil do professor (até pelo processo de fragmentação em curso) a avaliar e a sua regulação, apenas justifica os motivos da desqualificação e proletarização da profissão, por ora encetada. De facto, tal ideologia do profissionalismo (conforme, e bem, Lurdes Rodrigues critica no seu livro Sociologia das Profissões, Celta, 2002), que curiosamente mais parece ter saído de uma velha e desadequada "sociologia das ocupações", pelo modelo a implementar pretende apenas legitimar e efectuar a desprofissionalização docente, em tempos de emagrecimento do Estado (assunto que o pouco escrupuloso Mário Soares não relaciona com o actual ataque feito aos docentes, passe a sua intenção e graça política de combate ao insidioso neoliberalismo) e onde, via ECD, a avaliação tem lugar central."


in A Educação do meu umbigo

Um pouco mais de rigor, a ler todo, aqui

A Mistificação Dos Rácios

"
Já começo a ficar cansado com o recurso aos dados da OCDE para caracterizar a situação privilegiada dos docentes portugueses. Até parece que a OCDE não publica aquilo que o ME lhe envia e que, em boa verdade, deveria estar disponível publicamente no próprio site do Ministério.
Para os mais distraídos, a OCDE não recolhe dados de forma independente, apenas faz a compilação dos dados oficiais de cada país e compara-os, sendo que nem sempre as metodologias e contextos são comparáveis.
Mas mesmo que o sejam eu gostaria de deixar aqui uma pequena posta para explicar, por exemplo, porque o rácio alunos/professor é mais favorável entre nós na aparência do que em outros países.
O método usado é básico: divide-se o número de alunos pelo número de professores e já está. Temos um rácio. Vê-se que é operação sofisticada.
Mas o que é que isto não explica?
Não explica que em Portugal são os professores que desempenham muitas funções que em outros países estão atribuídas a outro pessoal qualificado, como assistentes sociais, psicólogos, terapeutas, etc."

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