E que garantia era essa? A que não ser cumprido o acordado entre ambos, Brue diria por todo o lado que Lantern era um espião que não cumpria promessas. Curioso. Mas o que acontece quando o espião é ele próprio traído por outros espiões e quando o código de honra implode em nome de valores que não sendo universais são os dos modelo dominante? Quem pode manda como lhe aprouver?
O livro de John Le Carré é como um teatro de sombras. O que acontece à nossa vista é infinitamente menos violento, tenebroso ou ignóbil do que aquilo que não é escrito mas do qual se suspeita o tempo todo. Há um passado e há um futuro de extrema violência e de extrema arbitrariedade do poder político que é questionado, mas a nós só nos é dado saber efectivamente do presente de algumas personagens que se cruzam em Hamburgo.
A Rússia e a Tetchenia, os EUA, Guantámo e o Iraque, passando por Israel no Líbano, são as forças políticas e físicas reais que mexem os cordelinhos de todas as vidas que acompanhamos neste policial: os poderes ocultos mas soberanos sobre a vida dos cidadãos europeus, turcos e russos que se encontram no livro a viver no limiar de uma existência privada com a pública.
Não há redenção para ninguém porque ninguém pode ali valer de facto a outrem que dele necessite. Faz-se o que se pode. E descobriram que os cidadãos podem de facto muito pouco contra os governos.
2 comentários:
Gostei do seu blogue .
Discreto e com classe.
Temas muito bem abordados.
Agradeço o destaque dado ao meu blogue .
Joaquim Jorge
Imensa gentileza a sua.
Obrigada.
Atentamente,
isabel
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