Ao reduzido número de alunos de uma das minhas turmas pedi-lhes um trabalho em grupo sobre uma cidade imaginária. Tinham que criar regras urbanísticas e conceber obras públicas, estabelecer relações políticas com outras cidades, explicar como se fazia o acesso por parte dos cidadãos aos serviços de saúde, educação e justiça. Tinham que adoptar, ou criar, justificando, um modelo económico, cultural e político.
Enfim, eram livres para produzirem valores, leis e acções. E o que fizeram os meus meninos? Caíram na tentação de todo tutelarem sob o ímpeto da imposição da ordem, e isso do espaço para o jardim privado, passando pela entrada na Escola até à questão da participação política. Interroguei-os de onde vinha aquela pulsão totalitária, que lhes desconhecia. Responderam-me, sorrindo, que assim era mais fácil imaginarem um mundo novo.
Eles têm razão. Quando se brinca aos engenheiros sociais, cai-se na tentação dos grandes planos, aos quais se verga qualquer réstia de humanidade que possa pensar em resistir-lhes.
Está-se mesmo a ver que eu como professora de Cidadania lhes ensinei grande coisa!
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