terça-feira, junho 16, 2009

O carrapato do poder político ou o fenómeno da maioria absoluta

A mim esta notícia dá-me náuseas e só que não tem vergonha na cara, nem princípios políticos na cabeça, se sujeita a deixar-se publicitar assim: PS: José Sócrates quer maioria absoluta para governar sozinho e garante "atitude de humildade".


Em primeiro lugar: quem acredita nas garantias do senhor primeiro-ministro? E em segundo: o que considera o sr. José Sócrates uma atitude de humildade?
Em democracia só conheço atitudes de respeito mútuo entre governados e governantes, sendo que aos primeiros lhe é reconhecida legitimidade, pela tradição e pela letra da democracia, para se contraporem aos primeiros nas formas, nas vezes e no estilo que melhor faça ouvir as suas vozes num Estado de Direito.

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"(...) o PSD - partido mais votado - tem a confiança de apenas 9,5% dos portugueses (31,68% de 30%), e o PS de menos ainda: nem de 8% (26,58% de 30%). E todos os restantes partidos, no seu conjunto, de menos de 9%. É esta a legitimidade democrática (o PSD representando 9,5% dos portugueses, o PS menos de 8% e os restantes partidos menos de 9%) do actual sistema partidário. O que levou a tal divórcio dos portugueses - que, no entanto, nas primeiras eleições após o 25 de Abril acorreram em massa, esperançada e entusiasticamente, às urnas - dos políticos e da política? Teremos que mudar de povo? De políticos? Ou devemos continuar a fazer de conta?"

Manuel António Pina no JN de 9 de Junho


"A lei levou à inscrição automática nos cadernos eleitorais de 9 491 592 eleitores, de uma população de (dados do INE) 10 617 575 pessoas. Só que, destas, 1 628 852 têm 14 anos ou menos, e cerca de 400 mil terão mais de 14 e menos de 18 anos (30% dos cerca de 1 236 000 com idades entre os 15 e os 24 anos), nenhuma podendo votar. Além disso, dos 401 612 estrangeiros residentes, a maioria é decerto constituída por não-europeus (africanos, brasileiros, chineses, ucranianos, russos, moldavos…). O que significa que, nestas "europeias", contas feitas por baixo, havia milhão e meio de fantasmas nos cadernos eleitorais. A "revolução tecnológica" também pode ser uma aventura emocionante. Se, claro, for mais que propaganda."

Manuel António Pina no JN de 10 de Junho

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