quarta-feira, outubro 28, 2009

As luzes e a mariposa

As luzes e a mariposa - Opinião - DN
por Baptista Bastos


E nós, cidadãos portugueses, devemos ser as traças...

terça-feira, outubro 20, 2009

Que mundo português é este?!

"Brasil e Moçambique foram os únicos países de língua portuguesa que em 2009 viram melhorada a liberdade de imprensa, de acordo com a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF). Todos os outros, com Portugal à cabeça, estatelaram-se para gáudio dos donos da verdade, chamem-se eles José Sócrates ou José Eduardo dos Santos."

Notícias Lusófonas


"No novo “ranking” dos Repórteres Sem Fronteiras (RSF), Portugal surge em 30º lugar, depois de ter integrado no ano passado a lista dos melhores 20 países para se fazer jornalismo em liberdade, ao classificar-se na 16º posição."

(...)

"Já a Europa “que foi durante muito tempo um exemplo em matéria de respeito pela liberdade de imprensa" continua a perder terreno, assim como Israel, a única democracia no Médio Oriente, onde o jornalismo é uma actividade cada vez mais condicionada, acusam os RSF."

Jornal de Negócios

sexta-feira, outubro 16, 2009

As mulheres na política...

O ano passado fiz uma apresentação sobre o tema das quotas na vida política. Apresentei os argumentos a favor e os argumentos contra, mas no fim evidenciei o que ganharíamos todos enquanto sociedade se houvesse quotas em Portugal de representatividade feminina no parlamento, e se de facto fosse a lei cumprida. Dei como exemplo os países do Norte da Europa (falei também no incrível caso do Ruanda, com a maior representação parlamentar de mulheres no mundo, ainda que por motivos relacionados mais com a questão do desiquilíbrio de géneros na população, devido ao genocídio, do que a uma cultura política). Quando terminei, algumas mulheres presentes, e uns dois ou três homens, disseram-me que tinham ficado, pela primeira vez, mais esclarecidas sobre o assunto e mostraram-se menos reticentes em aceitar essa questão, mas muitas outras afirmaram: "Esteve quase a convencer-me, mas..." Eram todas mulheres cultas, mas com medo que o "príncipe", o consorte político, as achasse muito reivindicativas ou agressivas e que depois as não escolhesse para cargos políticos. Digo eu, a fazer juízos. Porque pode bem ser que era porque achavam de facto que nunca iriam precisar de ter a protecção das quotas no caso de desejarem intervir publicamente. Enternece-me essa ilusão.

Paulo Portas, o inteligente Paulo Portas, acrescento, apesar de tudo, recebe os meios de comunicação em sua casa, e mostra um quadro digital onde surgem as três figuras mundiais que ele admira (ícones, mais propriamente), a saber: W. Churchill, a venturosa personagem de Hugo Pratt, Corto Maltese, e uma mulher, a actriz Sharon Stone, representada no seu papel de Catherine Tramell, no momento em que cruza as pernas durante um interrogatório policial, no filme "Instinto fatal". Lindo! Nada contra. E quase, quase, sem ironia. Os homens são admirados pelas suas proezas como líderes políticos ou líderes de acção, as mulheres... como simbolos sexuais. Nada de novo debaixo deste sol. E porque devia ser novo? As pessoas são obrigadas a ser politicamente correctas e a substituírem, nas molduras lá de casa, a Sharon Stone por uma Golda Meier? Credo, não. Não é isso.
E no entanto, não deixa de ser uma evidência de uma evidência: o que eu escolho define-me a mim e à minha cultura. Esta é a cultura portuguesa. E a cultura portuguesa insiste na subrepresentação do género feminino. E daí?
Daí que quem de facto controla as nomeações para a política são os partidos, e não os eleitores em primeiro lugar,logo as quotas não são violações dos direitos dos eleitores, mas sim violações dos direitos de representação política das mulheres. E quando o Princípe não escolhe, menina não entra.
Claro que mais uma vez uma lei fica por cumprir, e o partido responsável por essa lei, o PS, também lhe fez um bom uso para esquecimento no presente. É mais um indicador dessa boa governabilidade do passado recente, é!



Jornal de Negócios Online

Na campanha das autárquicas, perguntei-me...

...porque razão o presidente da minha Junta começou a jardinar aqui os cantos e recantos todos do bairro, três semanas antes das eleições (em alguns casos as plantas, postas na terra em dias de torreira ao sol, murchavam e morriam poucas horas depois da operação), mas nunca me enviou um prospecto a identificar-se e aos seu programa? Deve pensar que eu não sei ler, mas que gosto de plantas.
...porque razão nas pequenas aldeias e cidades, onde nunca se vê o poder político passar durante o restante período de tempo, andavam a girar caravanas de automóveis com bandeirinhas dos partidos, a buzinarem furiosamente, ao invés de andarem porta a porta a falar com os cidadãos, a distribuírem os seus programas? Enfim, porque não a ouvir, atender e a compreender a populaça? Devem pensar que as pessoas não sabem ler, ou não conseguem discernir os seus projectos, mas que gostam de ouvir buzinadelas e música aos berros.
...porque razão é um poder local tão pouco escrutinado pelos media? Devem pensar que aqueles "maganos" têm pouco como não fazer, ou com que fazer mal. Enganam-se. Só com uma imprensa regional muito forte, e livre, se assegura um poder local bem escrutinado.

Quem tem medo de uma Assembleia da República, numa democracia?

Andam tanta gente preocupada com a questão da medida quantitativa da governabilidade e tão pouco preocupada com a qualidade da governabilidade. Perguntar de todas as vezes que nos falarem nesse assunto: que medidas foram tomadas em estado de governabilidade absoluta no mando que fizessem de facto alterar os índices de vida em Portugal, de forma substancial? Em que melhorámos nós, como cidadãos e como indivíduos, por termos estado sujeitos a uma maioria absoluta? Que tipo de sociedade se potenciou nesse período? Em que provas de interesse público se baseiam todos aqueles que defendem maiorias absolutas como a melhor forma de governar um Estado?
Todos os eleitores que votaram nos partidos que agora estão na oposição, assim como todos os eleitores que continuaram a acreditar nos líderes do PS, só podem estar agradecidos por não haver coligações. Mais do que o respeito com uma ideia de governabilidade que podia estar no livro de um bom e honesto merceeiro, têm uma ideia de respeito pela opinião democrática que se manifestou contra maiorias absolutas.
Fazer polítca é fazer negociações. Quem não sabe, aprenda.