professor, eu penso assim:
"O sentido de incondicionalidade (aceite nos processos de entendimento mútuo) não significa o mesmo que um sentido absoluto que oferece consolo. Sob as condições de um pensamento pós-metafísico, a filosofia não pode substituir o consolo com o qual a religião empurra para uma nova luz, e ensina a suportar o sofrimento inevitável e a justiça não-expiada, as contingências de necessidade, solidão, doença e morte. A filosofia consegue, ainda hoje, explicar bem o ponto de vista moral perante o qual julgamos justo e injusto algo imparcial; dentro desta medida, a razão comunicativa não se encontra, em caso algum, igualmente distante da imoral. Contudo, algo bem diferente consiste em dar uma resposta motivadora à pergunta, com base nos nossos conhecimentos morais, e porque devemos ser, em geral, morais. A respeito disto, seria porventura possível dizer que querer salvar um sentido absoluto, sem Deus, é pretencioso. Pois faz parte da dignidade da filosofia insistir intransigentemente no facto de que nenhuma pretensão de verdade pode ter uma existência que não se encontre justificada no fórum do discurso que a fundamenta."
Jürgen Habermas, (1991), "Para uma frase de Max Horkheirmer: "Querer salvar um sentido absoluto sem Deus é pretencioso", in Textos e Contextos, trad. S. L. Vieira, Lisboa, Inst. Piaget, 2001. p. 117.
Sem comentários:
Enviar um comentário