Jacques Bouveresse é um filósofo francês que tem, entre outros, um excelente livro sobre Wittgenstein,é o La Force de la Règle. Wittgenstein et l`invention de la Necessité. Este mês escreve no "Monde Diplomatique"sobre os intelectuais e a política. É francamente interessante o que ele nos diz sobre a aparentemente generalizada subordinação do discurso intelectual que, nestes momentos que vivemos, está a procurar abrigar-se sob a definição de um pensamento realista adequado à análise das difíceis circunstâncias sociais que se vivem em França. Sendo que, na realidade, esse discurso, que se quer o da descrição da verdade "nua e crua" dos factos, está aprovocar mais fracturas sociais que a contribuir para uma análise social propociadora de uma solução para a resolução de conflitos.
Os franceses, que conhecem bem o poder das ideias na orientação da acção dos indivíduos, tomam a sério o conteúdo e a forma dos argumentos utilizados por todos os actores políticos. Sabem que por uma palavra se pode impedir a destruição da ordem social vigente, como por uma palavra se pode ajudar a generalizar a desobediência.
Mas a atenção que os intervenientes devem tomar aos seus enunciados não se enquadra num tipo de auto-censura? Porquê dizermos sim à publicação de cartoons sobre os muçulmanos, para depois dizermos que há que ter cuidado com as expressões daqueles que reclamam sobre o tipo de socialização dos jovens franceses, emigrantes ou não?
Não é fácil responder a esta questão. Ainda que possamos alegar que o espírito próprio de um "cartoon", a mensagem enviada, não é do mesmo género, não pertence simbolicamente ao mesmo universo, do discurso sociológico ou político.
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